Por ocasião das cerimônias
religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima, Portugal, em honra da Virgem
Mãe de Deus, onde acorrem numerosas multidões de fiéis para venerarem o seu
coração maternal e compassivo, desejamos mais uma vez chamar a atenção de todos
os filhos da Igreja para o inseparável vínculo que existe entre a maternidade
espiritual de Maria e os deveres que têm para com Ela os homens resgatados.
Julgamos ser de grande utilidade para as
almas dos fiéis considerar duas verdades muito importantes para a renovação da
vida cristã. A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser
Mãe de Jesus Cristo e sua íntima colaboradora na nova economia da graça, quando
o Filho de Deus n’Ela assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado
mediante os mistérios da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos
eleitos como admirável modelo de virtude.
Depois de ter participado no sacrifício
redentor de seu Filho, e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele
proclamada Mãe não somente do discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo –
do gênero humano, por este de algum modo representado, Ela continua agora no
Céu a desempenhar a sua função materna de cooperadora no nascimento e
desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos. Mas de que
modo coopera Maria no crescimento da vida da graça nos membros do Corpo
Místico? Antes de tudo, pela sua oração incessante, inspirada por uma
ardentíssima caridade. A Virgem Santa, de fato, gozando embora da contemplação
da Santíssima Trindade, não esquece os seus filhos que caminham, como Ela
outrora, na peregrinação da fé; pelo contrário, contemplando-os em Deus e
conhecendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está
sempre vivo para interceder por nós, deles se constitui Advogada, Auxiliadora,
Amparo e Medianeira.
No entanto, a cooperação da Mãe da Igreja no
desenvolvimento da vida divina nas almas não consiste apenas na sua intercessão
junto do Filho. Ela exerce sobre os homens remidos outra influência
importantíssima, a do exemplo, segundo a conhecida máxima: as palavras movem, o
exemplo arrasta. Realmente, tal como os ensinamentos dos pais adquirem maior
eficácia quando são acompanhados pelo exemplo duma vida conforme às normas da
prudência humana e cristã, assim também a suavidade e o encanto das excelsas
virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem irresistivelmente as almas para a
imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais perfeita imagem.
Mas nem a graça do divino Redentor nem a
poderosa intercessão de sua e nossa Mãe espiritual poderiam conduzir-nos ao
porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante
vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus com a fiel imitação das
suas sublimes virtudes. É, pois, dever de todos os cristãos imitar
religiosamente os exemplos de bondade que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a
segunda verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção. É em Maria que
os cristãos podem admirar o exemplo que lhes mostra como realizar, com
humildade e magnanimidade, a missão que Deus confiou a cada um neste mundo, em
ordem à sua eterna salvação e à do próximo. Uma mensagem de suma utilidade
parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é a Imaculada, a toda santa,
a cooperadora do Filho na restauração da vida sobrenatural das almas. A santa
contemplação de Maria incita-os, de fato, à oração confiante, à prática da
penitência, ao santo temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas
palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto o reino dos Céus:
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se
não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante.
Da Exortação Apostólica
Signum magnum do Papa Paulo VI
(Dia 13 de Maio de 1967: AAS 56, 1967, 4-473, 475)
(Dia 13 de Maio de 1967: AAS 56, 1967, 4-473, 475)
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