Hoje comemora-se o dia de São Benedito, um dos santos mais queridos e cuja devoção é muito popular no
Brasil. Cultuado inicialmente pelos escravos negros, por causa da cor de sua
pele e de sua origem - era africano e negro -, passou a ser amado por toda a população
como exemplo da humildade e da pobreza. Esse fato também lhe valeu o apelido
que tinha em vida, "o Mouro". Tal adjetivo, em italiano, é usado para
todas as pessoas de pele escura e não apenas para os procedentes do Oriente. Já
entre nós ele é chamado de são Benedito, o Negro, ou apenas "o santo Negro".
Benedito Manasseri nasceu em 1526, na pequena
aldeia de São Fratelo, em Messina, na ilha da Sicília, Itália. Era filho de
africanos escravos vendidos na ilha. O seu pai, Cristóforo, herdou o nome do
seu patrão, e tinha se casado com sua mãe, Diana Lancari. O casamento foi um
sacramento cristão, pois eram católicos fervorosos. Considerados pela família à
qual pertenciam, quando o primogênito Benedito nasceu foram alforriados junto
com a criança, que recebeu o sobrenome dos Manasseri, seus padrinhos de
batismo. Cresceu pastoreando rebanhos nas montanhas da ilha e, desde
pequeno, demonstrava tanto apego a Deus e à religião que os amigos, brincando,
profetizavam: "Nosso santo mouro". Aos vinte e um anos de idade,
ingressou entre os eremitas da Irmandade de São Francisco de Assis, fundada por
Jerônimo Lanza sob a Regra franciscana, em Palermo, capital da Sicília. E
tornou-se um religioso exemplar, primando pelo espírito de oração, pela
humildade, pela obediência e pela alegria numa vida de extrema penitência.
Na Irmandade, exercia a função de simples
cozinheiro, era apenas um irmão leigo e analfabeto, mas a sabedoria e o
discernimento que demonstrava fizeram com que os superiores o nomeassem mestre
de noviços e, mais tarde, foi eleito o superior daquele convento. Mas
quando o fundador faleceu, em 1562, o papa Paulo IV extinguiu a Irmandade,
ordenando que todos os integrantes se juntassem à verdadeira Ordem de São
Francisco de Assis, pois não queria os eremitas pulverizados em irmandades sob
o mesmo nome. Todos obedeceram, até Benedito, que sem pestanejar escolheu
o Convento de Santa Maria de Jesus, também em Palermo, onde viveu o restante de
sua vida. Ali exerceu, igualmente, as funções mais humildes, como
faxineiro e depois cozinheiro, ganhando fama de santidade pelos milagres que se
sucediam por intercessão de suas orações.
Eram muitos príncipes, nobres, sacerdotes,
teólogos e leigos, enfim, ricos e pobres, todos se dirigiam a ele em busca de
conselhos e de orientação espiritual segura. Também foi eleito superior e,
quando seu período na direção da comunidade terminou, voltou a reassumir, com
alegria, a sua simples função de cozinheiro. E foi na cozinha do convento que
ele morreu, no dia 4 de abril de 1589, como um simples frade franciscano, em
total desapego às coisas terrenas e à sua própria pessoa, apenas um irmão
leigo gozando de grande fama de santidade, que o envolve até os nossos dias. Foi
canonizado em 1807, pelo papa Pio VII. Seu culto se espalhou pelos quatro
cantos do planeta. Em 1652, já era o santo padroeiro de Palermo, mais tarde foi
aclamado santo padroeiro de toda a população afro-americana, mas especialmente
dos cozinheiros e profissionais da nutrição. E mais: na igreja do Convento de
Santa Maria de Jesus, na capital siciliana, venera-se uma relíquia de valor
incalculável: o corpo do "santo Mouro", profetizado na infância e
ainda milagrosamente intacto. Assim foi toda a vida terrena de são Benedito,
repleta de virtudes e especiais dons celestiais provindos do Espírito Santo.
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