Estamos próximos de celebrar
mais um “Dia de Finados”. A morte corporal é vista por muitos como
"assustadora realidade", mas para nós cristãos é uma outra face da
realidade da mesma vida. "Viver" e "morrer" não se
contrapõem, mas se completam e se explicam: a vida é passageira e breve, quem nos
diz é a própria morte; a vida, porém, não pode ser apenas o que vemos e somos,
mas existe um "para além", uma outra vida após esta que só poderemos
alcançar, passando pelo portal da morte. "Para os que creem em Cristo, a
vida não é tirada, mas transformada". Nós cristãos cremos na Ressurreição
e é ela quem nos dá a esperança e a garantia de uma vida eterna no Senhor.
Passamos todos nós, mas o modo como levamos esta vida e o modo como acolhemos o
dom desta vida, nos alcançará também uma continuidade. Quer descobrir mais respostas
de algumas perguntas importantes sobre vida e morte? Então continue a ler este
post.
Quando
começou este costume de rezar de forma mais intensa pelos falecidos?
Na festa de finados, a Igreja nos
convida a rezar por todos os defuntos, não apenas para aqueles da nossa
família, ou pelos mais queridos, mas por todos, sobretudo aqueles que ninguém
se lembra. O hábito de rezar para os fiéis defuntos é antigo como a Igreja, mas
a festa litúrgica foi instituída no dia 2 de novembro de 998, por Santo Odilão,
monge beneditino e quinto abade de Cluny, no sul da França. A Igreja em Roma
adotou esta prática no século XIV, e a Festa se difundiu por todo o mundo
católico. Neste dia comemoramos o mistério da Ressurreição de Cristo que abre a
todos a via da ressurreição futura. É um dia para se lembrar não da morte
enquanto separação da alma e do corpo, mas recordar a brevidade da vida e de
como Deus nos chama para Si. O Dia de Finados nos convida a viver com
esperança, porque não podemos nos esquecer de que Deus é o nosso Pai, que nos
ama e que está desejando dar-nos o abraço eterno depois da morte e
introduzir-nos em sua Casa, que não sabemos muito bem como é, mas isso não
interessa, já que a única coisa importante é que seremos amados e abraçados por
Ele.
Podemos
fazer alguma coisa pelos mortos?
Sim, porque fazem parte da grande comunidade
dos filhos de Deus e, portanto, não estão longe de nós, mas unidos na mesma
"Comunhão dos santos"; continuamos um "diálogo" com os
falecidos, mas não como pensam os espíritas, como se pudéssemos invocar,
incorporar e falar com os mortos. Não! Nosso diálogo acontece por meio da
oração. É salutar e é nosso dever de piedade, de justiça e de misericórdia
rezar pelos falecidos. Nestes dias, uma das nossas tradições mais radicais é a
visita aos cemitérios para ir encontrar os familiares defuntos em seus restos
mortais. É um momento de oração, momento para lembrar as pessoas amadas que nos
deixaram, momento de união familiar. Não de tristeza, mas de agradecimento
pela vida que esteve conosco, pelos ensinamentos que aquelas pessoas nos deram.
Agradecer por tudo o que eles nos permitiram experimentar enquanto estiveram em
nosso meio. Sim, rezemos pelos nossos defuntos, para que o Senhor perdoe
suas faltas, para que possam receber o seu abraço e desfrutar da sua presença,
em companhia dos seus entes queridos, que os precederam no caminho rumo ao céu.
E peçamos ao Senhor a graça de não perder a confiança em seu amor de Pai; que
possamos receber seu abraço de Pai e desfrutemos para sempre da sua companhia.
O
que significa a "morte eterna"?
Morte eterna é o destino que, infelizmente,
as almas que romperam com Deus recebem ao ir para o inferno. Essa
"morte" não é a corporal que todos sofreremos, mas o afastamento
definitivo da alma do seu Deus e de seu amor. É algo terrível e que todos nós
devemos pensar e meditar. Nas Aparições de Nossa Senhora de Fátima aos Três
Pastorinhos, a primeira parte do Segredo foi a apresentação do inferno. Nossa
Senhora não queria assustar as crianças, mas falar-lhes da dura realidade do
pecado mortal e do afastamento de Deus que devemos evitar. Devemos cuidar de
nossas almas! A alma é o princípio vital de todo ser vivo. No homem, ela é
espiritual (não material) e por isso nunca poderá ser destruída. Falamos
figurativamente de "morte da alma" para aludir ao dano que se dá na
alma pelo pecado grave, que nos afasta de maneira forte da graça de Deus.
Assim, pecar gravemente é "tirar a vida da alma". Como devemos
trabalhar a tempo e fora dele pela nossa santificação! O Maligno quer nos tirar
do caminho de Deus e deseja nos dificultar a entrada no Céu. Fiquemos atentos
aos sinais!
Isto
significa que nem todos os que morrem vão para junto de Deus?
Essa é uma dura realidade! Segundo a nossa
fé, após a morte, que é a separação da alma e do corpo, o corpo cai em
decomposição enquanto que a alma terá seu "juízo particular". Nele,
segundo o modo de vida que tenha levado cá na Terra, ao indivíduo se abrirão
três possibilidades: o Purgatório, ou o Inferno ou o Céu. Para o Purgatório vão
as almas dos fiéis que morreram ou em pecado venial (leve) ou com penas dos
seus pecados ainda não apagadas. Para o Inferno os que, conscientes e livres,
optaram por uma vida sem Deus e sem amor e, à hora da morte, não se
arrependeram de seus pecados graves. Para o Céu os que, cheios de alegria se entregaram
ao Senhor e às boas obras em vida e agora podem vê-Lo face a face; os que estão
purificados de seus pecados todos. Não são lugares o Céu, o Inferno e o
Purgatório, mas estados da alma; podemos dizer que nós não estaremos no céu,
mas seremos no Céu, seremos no Inferno (Deus nos livre!) e seremos no
Purgatório.
Nossa
oração no dia de finados vai para quem?
Nossa oração vai para as almas do Purgatório
e somente para elas. A indulgência é somente aplicada aos defuntos e não aos
vivos. É bom lembrar também que os que estão no Inferno já estão perdidos,
infelizmente, e não receberão essas orações e os que estão já no Céu, não
precisam de oração, pois estão salvos; nós é que pedimos sua intercessão, junto
a Deus. Reze (não só no Dia de Finados, mas todos os dias) por aqueles que
precederam você no caminho da vida. O que você é, e talvez o que você tem,
também deve a eles. Que tal rezar pelos que lhe aguardam no final do caminho?
Podemos
levar flores, pôr fotos dos falecidos junto à sepultura, cuidar dos
túmulos?
Sim, é uma grande obra! A religião não proíbe
nada disso, pelo contrário, é um gesto afetuoso e bonito de amor por aqueles
que já partiram. No entanto, o católico deve se lembrar que a maior obra que
pode fazer pelos falecidos é rezar por eles, oferecer-lhes o Santo Sacrifício
(Missa) e aplicar-lhes as Santas indulgências. Seja respeitoso diante da morte
de um ente querido e de outras mortes. Evite os exageros de fazer do túmulo um
lugar de choros e de shows, o que faz perder a sacralidade do lugar e o decoro
com que se deve ter ao pisar em solo sagrado; seja delicado e discreto, modesto
e respeitoso. A virtude está no equilíbrio e a morte é morte, ainda que
queiramos enfeitá-la.
Neste
dia podemos aplicar as Indulgências para os mortos. O que são as
indulgências?
Indulgência é a remissão total ou em parte da
pena temporal devida pelos pecados já confessados. Explicando: quando pecamos,
nós adquirimos uma "culpa" e uma "pena"; a culpa é o ato
mal, a transgressão, o erro, as faltas, nossas ofensas ao Bom Deus e ao
próximo. Já a pena é a consequencia do mal que fizemos, o enfraquecimento da
nossa vontade, sofrimentos, tribulações e até doenças. Pela confissão
sacramental, ficam absolvidas as nossas culpas, não, porém, abolidas nossas
penas. Estas manchas, as penas, só são tiradas quando aplicamos a nós (em caso
de nosso pecado) ou aos falecidos (pecado deles) as indulgências.
Como
posso adquirir indulgências para os falecidos neste dia?
Todo fiel batizado pode conseguir tais graças
para seus parentes e amigos. As condições são as seguintes: confissão
sacramental (recente, para excluir o pecado mortal), comunhão eucarística,
nenhum apego ao pecado venial e oração nas intenções do Papa (normalmente Pai
nosso, Ave Maria e Glória ao Pai). Pode-se conseguir a indulgência desde o dia
1° de Novembro até 8 de Novembro, mas apenas uma por dia. Ainda nestes dias, com
a visita piedosa a todas as Igrejas, Oratórios e Cemitérios e a oração do Credo
e do Pai Nosso, unida à confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas
intenções do Romano Pontífice, garantem as mesmas indulgências.
E
o que são as indulgências plenárias e parciais aplicadas aos defuntos?
Indulgência plenária é a
remissão de todas as penas de uma alma, isto é, se aplicamos esta indulgência a
um falecido que esteja no Purgatório, ele vai imediatamente para o Céu. As
indulgências parciais redimem parcialmente essas penas. Para os falecidos, a
indulgência plenária só se pode obter uma vez ao dia (e se for para o mesmo
falecido, uma vez na vida), já a indulgência parcial se pode obter várias vezes
ao dia, salvo se houver disposições expressas em contrário.
Como
é a Liturgia da Missa deste dia?
Numa palavra: sóbria. Não se ornamenta o
altar com flores, o toque dos instrumentos só é permitido para sustentação do
canto, o sacerdote usa roxo ou preto em seus paramentos, não há canto do Glória
nem a oração do Credo. Por Constituição Apostólica do Papa Bento XV, de
1915, os sacerdotes podem celebrar três missas, sendo uma por todos os fiéis
falecidos e uma especialmente nas intenções do Santo Padre. Em nossa Paróquia:
Missa das 7h30 (Cemitério Paroquial) com intenções e por todos os fiéis mortos,
9h (Cemitério Municipal) com intenções e por todos os fiéis falecidos e às 10h30
nas intenções do Papa.
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