Foi
em 1617, precisamente em 16 de maio, que aqui, nesta colina banhada pela Lagoa
de Araruama, foi fundada a "Aldeia de São Pedro do Cabo Frio". Vieram
de Reritiba - ES, três jesuítas e cerca de quinhentos índios que com empenho e
muito sacrifício começaram a erguer um vilarejo. A primeira coisa que fizeram
foi elevar uma pequena e rústica capela dedicada a São Pedro e principiarem
seus trabalhos e esforços colocando nas mãos de Deus o futuro. Os padres
celebraram a Primeira Missa neste solo, com o canto a duas vozes dos índios que
também acompanhavam a cerimônia com seus instrumentos.
Iniciada a obra de catequese, começaram desde
cedo os religiosos a colher frutos de seus ensinamentos, com a melhoria das
moradias e a expansão e desenvolvimento das lavouras. Com isto, aumentou a
atração de forasteiros brancos, na sua maioria portugueses, seduzidos pelo
progresso da região. A Igreja Matriz definitiva se erguia imponente e ao redor
da chamada “quadra jesuítica”, muitas choupanas e casas eram construídas.
Em 1758, os Jesuítas começam a ser perseguidos
e caluniados. Atingida a Ordem pelas leis ditadas pelo Marquês de Pombal, houve
um decreto transformando todas as igrejas jesuíticas em “Paróquias do Reino”.
No ano seguinte, acuados de todos os lados, a Companhia de Jesus foi expulsa de
todos os territórios portugueses; os jesuítas deixam São Pedro e a paróquia é
destinada aos Frades Franciscanos. Os franciscanos continuaram dignamente a
obra de seus antecessores; atesta-o o fato de já em 1795 a localidade ser incluída
no rol das freguesias fluminenses, por força do Alvará expedido em 22 de
dezembro daquele ano, e se haver concluído a construção da Igreja Matriz, em
1723. Durante um século permaneceu a povoação com o predicamento conseguido em
1795.
O progresso da Cidade de Cabo Frio, muito
próxima, não facilitava o desligamento de São Pedro da Aldeia e a freguesia,
algumas vezes citada em decretos, deliberações, leis e alvarás como
"Aldeia de São Pedro", teve, durante esse longo período sua autonomia
impossibilitada, dada essa condição natural de satélite geográfico e econômico de
Cabo Frio. Apesar da contribuição prestada nesse período à lavoura regional
pelo elemento negro escravizado, é justo que se observe que a promulgação da
Lei Áurea, a exemplo do que sucedeu na maioria das comunas fluminenses, não
afetou vitalmente a economia local. O que ali se verificou foi a mudança de
atividades por parte dos libertos que, abandonando as lavouras, se voltaram
para a pesca. Em consequência dessa rápida adaptação é que, poucos anos
transcorridos após a decretação da Lei libertadora de 1888, enquanto grande
parte dos municípios lutava com a mais desesperadora crise, São Pedro da Aldeia
conquistava a emancipação político-administrativa. Mas foi somente em 14 de
outubro de 1957 que foi criada a comarca de São Pedro da Aldeia.
Nosso município já viveu o tempo da lavoura,
da pesca e do sal. Hoje uma nova página se abre com o turismo e com outras
vocações que São Pedro ainda deve descobrir. Muitos são os desafios econômicos
e, sobretudo, o de bem estar da população que carece ainda de trabalho, saúde
de qualidade, educação e segurança. Que São Pedro da Aldeia possa vencer seus
desafios. Que nosso Padroeiro, São Pedro Apóstolo, possa interceder por todos
nós!
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