“Eis
o que diz o Senhor: ‘Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas’”. […] Foi
sem dúvida o que Ele fez, é o que voltará a fazer: «Eis que Eu mesmo cuidarei
das minhas ovelhas […] como o pastor se preocupa com o seu rebanho» (Ez
34,10-14). Os maus pastores não tiveram cuidado nenhum, pois não resgataram as
ovelhas com o seu sangue. ‘As minhas ovelhas escutam a minha voz’ (Jo 10,27). ‘Reconduzi-las-ei
de todas as partes por onde tenha sido dispersas, num dia de nuvens e de
trevas.
Arrancá-las-ei de entre os povos e as reunirei dos vários países, a fim
de as reconduzir à sua própria terra e as apascentar nos montes de Israel, nos
vales e em todos os lugares habitados da região. Eu as apascentarei em boas
pastagens; o seu pasto será nas montanhas elevadas de Israel’ (cf Ez 34,10-14).
Essas ‘montanhas de Israel’ são os autores
das Sagradas Escrituras. Eis as pastagens onde precisais de vos alimentar, se
quereis fazê-lo em segurança (Sl 80,2-3). Saboreai tudo o que por lá
aprenderdes e rejeitai tudo o que lá não estiver. Não vos percais no ruído,
escutai a voz do pastor. Reuni-vos nas montanhas da Sagrada Escritura.
Lá encontrareis
verdadeiras delícias para o vosso coração; não encontrareis nada de venenoso,
nem de perigoso: são pastagens ricas; […] ‘levá-las-ei ao longo dos rios aos
melhores lugares’. Desses montes de que vos falamos escorrem os rios da
pregação do Evangelho, uma vez que a sua palavra ‘ressoou por toda a terra’ (Sl
19,5) e que todos os lugares da terra oferecem às ovelhas pastagens agradáveis
e abundantes.
Eu as apascentarei em boas pastagens e aí
será o seu redil, isto é, será aí que elas repousarão, aí poderão dizer: Bom é
estar aqui; é verdade, é muito claro, encontramos a verdade. Elas repousarão na
glória de Deus, como no seu redil.
Santo
Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermão
46, sobre os pastores; CCL 41, 529
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