Jesus
é o caminho para o Pai. Caminho prefigurado pelo povo de Israel, que atravessou
o deserto conduzido por Moisés para chegar à Terra Prometida. No tempo
presente, com “nossos olhos agora iluminados pelo colírio da fé”, como escreveu
Santo Agostinho, somos conduzidos não por Moisés, mas pelo Divino Mediador,
pois diz Jesus: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”.
Por meio de Jesus, Deus veio ao mundo para
buscar “a ovelha desgarrada” e, quando o Filho se eleva ao Céu, “apresenta ao
Pai a humanidade reencontrada” (Santo Irineu). Eis o objetivo da vinda de
Jesus: reconciliar-nos com Deus, para que nele encontremos a imortalidade e possamos
atingir nossa plena realização. Graças ao sangue precioso de Cristo,
tornamo-nos criaturas renovadas, livres de todo pecado, pois, realizada em
Jesus, a obra redentora acontece em nossa vida.
Jesus é o Mestre que, com sua palavra e
exemplo, mostrou à humanidade o caminho que leva ao Pai. É necessário
percorrê-lo para se chegar à meta primordial. Assim, durante a vida terrena,
vendo Jesus com os olhos da fé, já contemplamos o Pai em seu amor infinito por
nós.
No Senhor repousa a nossa esperança de salvação
eterna, pois, sendo Deus, tornou-se um de nós para que o homem não permanecesse
distante dele. Em Jesus, Deus tornou-se íntimo dos homens. O abismo da
distância entre nós e Deus é transposto pela Cruz. Ao seu tempo, dizia Santo
Agostinho: “Por Jesus Cristo vós chegais a Jesus Cristo. Por Jesus Cristo
homem, vós chegais a Jesus Cristo Deus: pelo Verbo feito carne, vós
chegais ao Verbo que no começo era Deus”. Diz hoje o Papa Francisco: “Quando
caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz,
não somos discípulos do Senhor – somos mundanos, somos bispos, padres,
cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.
Jesus é o caminho e a verdade para se chegar
à vida de comunhão com o Pai. Se acolhermos Jesus e vivermos a sua mensagem,
seremos conduzidos por Ele, chegaremos ao Pai e, maravilhados, reconheceremos
que Jesus é a face humana de Deus.
A verdade, revelada por Cristo, é vida na
comunhão com o Pai e é comunhão de vida com os irmãos. Pois a prática das
virtudes, por meio da palavra, do ser ou do querer, cria um dinamismo interior
que nos possibilita viver em comunhão com o Pai e dar acolhida ilimitada ao
próximo. Desse modo, participamos sempre mais da vida divina e, juntos com
Santo Irineu, podemos dizer: “A glória de Deus é a vida do homem, e a vida do
homem é a visão de Deus”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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