O
Cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura
Apostólica, em 3 de maio, de Roma, dirigindo-se aos líderes pró-vida reunidos
para a IV Marcha pela Vida, voltou a insistir sobre a importância das condições
para comungar, por parte daqueles que se dizem católicos e apoiam leis que
contrariam a ordem natural. O Cardeal Burke insistiu “no grave escândalo
causado pelos legisladores, juízes e líderes políticos que professam ser
católicos que se apresentam para receber a Sagrada Comunhão e, ao mesmo tempo,
apoiam e inclusive promovem leis que violam a lei moral em seus aspectos mais
fundamentais”.
Acrescentou o Cardeal que “a disciplina da
Igreja, desde os tempos de São Paulo, advertiu àqueles que obstinadamente
persistam em um manifesto pecado grave que não recebam a Sagrada Comunhão. Esta
disciplina não é um castigo, mas o reconhecimento da condição objetiva da alma
da pessoa envolvida nesse pecado. Impede-lhes de cometer sacrilégio, por violar
a santidade incomparável do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, e
salvaguarda a comunidade cristã e a comunidade em geral do escândalo que pode
levar a crer que a violação da lei moral, por exemplo, no que se refere à
dignidade inviolável da vida humana, a integridade do matrimônio e da família,
e a liberdade de consciência, não constituem um grave pecado e não rompem a
comunhão com o Senhor”.
Em sua exposição, o Cardeal Burke se referiu
também à nova evangelização: “O grau de secularismo a que o Papa Paulo VI se
referiu, com preocupação, em 1975, continua aumentando exponencialmente, em
parte devido a um grave empobrecimento ou mesmo falta de uma adequada catequese
na Igreja, durante as últimas quatro décadas. O Papa João Paulo II se referiu à
crescente gravidade dessa situação com vigor inquebrantável. O pontificado de
João Paulo II pode ser descrito, com razão, como um chamado consciente a
reconhecer o desafio da Igreja a ser fiel a sua missão divina em uma sociedade
completamente secularizada, respondendo ao desafio por meio de uma nova
evangelização. Uma nova evangelização que consiste no ensinamento da fé através
da pregação, da catequese e de todas as formas da educação católica. Na celebração
da fé nos sacramentos, na oração, na devoção e na vivência da fé pela prática
das virtudes; tudo como se fosse pela primeira vez, isto é, com o compromisso e
a energia dos primeiros discípulos e dos primeiros missionários”.
Ao concluir o Encontro Internacional dos 56
líderes pró-vida de 16 países ali presentes, publicou-se a seguinte petição
dirigida a todos os bispos: “Reunidos pela primeira vez em Roma para
compartilhar as estratégias internacionais para a defesa e promoção do direito
à vida, nós, representantes de mais de 50 organizações pró-vida do mundo,
fazemos um chamado aos bispos católicos, para que a Misericórdia atue também
para com os políticos que, formando parte da Igreja, sejam a favor do
aborto. Tendo em conta que:
-
São Paulo escreveu, no capítulo 11 da primeira Carta aos Coríntios: “quem come
e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe sua própria
condenação (I Cor 11, 29);
-
o Canon 915 do Código de Direito Canônico afirma que os que “obstinadamente
perseveram em um pecado manifesto” não devem “ser admitidos à Sagrada
Comunhão”;
-
o então Cardeal Joseph Ratzinger escreveu uma carta em 2004 aos bispos americanos,
intitulada “Dignidade para receber a Sagrada Comunhão”, que a um político
católico que vote em favor de leis tolerantes com o aborto e a eutanásia se
“deve” negar a Comunhão, depois de ter sido devidamente instruído e advertido;
-
recebendo a Sagrada Comunhão, estes políticos católicos poderiam crer que estão
espiritualmente sãos e, portanto, não ter necessidade da “correção fraterna”;
-
admitir à Sagrada Comunhão políticos que são favoráveis ao aborto é causa de
escândalo para os demais fiéis, porque leva a crer que o aborto não é um pecado
muito sério, portanto, prejudica o testemunho cotidiano e convicto dos que
apoiam a vida;
-
ver-se impedido de aceder à Sagrada Comunhão é um alarme que pede o retorno a
uma autêntica vida de fé;
-
não é misericordioso permitir a nossos irmãos, que vivem obstinada e
publicamente no pecado, permanecer nele sem ser advertidos.”
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