Tenham a coragem de caminhar
contracorrente e de não deixar que a esperança lhes seja roubada por valores
que fazem mal como o alimento estragado. Foi a exortação que o Papa Francisco
elevou em alta voz no Angelus deste domingo, dia 23, diante de cerca de 80
mil fieis reunidos na Praça São Pedro. O Santo Padre recordou os mártires de
hoje que, mais do que no passado, "pagam a caro preço" o compromisso
com a verdade e o Evangelho.
O tom enfático do Papa Francisco e a
sua gestualidade deram, de modo "físico", o conceito expresso pelas
palavras: o Evangelho é uma causa para mulheres e homens impávidos, aqueles que
– ontem como hoje, e hoje são mais numerosos do que ontem – não dão marcha a ré
se entreveem que a sua fidelidade a Cristo corre o risco de se tornar perigosa
ou até mesmo fatal.
De fato, com tom veemente o Papa recordou quantos "homens retos"
preferem "caminhar contracorrente para não renegar a voz da consciência, a
voz da verdade": "Pessoas retas, que não têm medo de caminhar
contracorrente! E nós não devemos ter medo, mas a vocês jovens, e que são
tantos, digo: não tenham medo de caminhar contracorrente, quando nos querem
roubar a esperança, quando nos propõem valores que são valores deteriorados,
valores como a comida estragada e quando uma comida se estragou, nos faz mal;
esses valores nos prejudicam. Mas devemos caminhar contracorrente! E vocês
jovens, sejam os primeiros: caminhem contracorrente e tenham este orgulho de
caminhar justamente contracorrente."
O Pontífice tomou como modelo São João
Batista, cuja festa litúrgica se celebra nesta segunda-feira, e o indicou como
um mártir da verdade igualmente a todos aqueles que, do alvorecer da Igreja até
os dias atuais, derramaram e derramam o sangue por amor a Jesus: "Os mártires são o máximo exemplo do perder a vida por Cristo. Em dois mil
anos são uma fileira os homens e as mulheres que sacrificaram a vida para
permanecer fiéis a Jesus Cristo e ao seu Evangelho. E hoje, em tantas partes do
mundo, são muitos, muitos – mais do que nos primeiros séculos – muitos mártires
que dão a própria vida por Cristo, que são levados à morte por não renegar
Jesus Cristo. Essa é a nossa Igreja. Hoje temos mais mártires do que nos
primeiros séculos."
Mártires também de um "martírio cotidiano"
o qual, repetiu o Papa, nem sempre passa pelo sangue, mas comumente por aquela
"lógica de Jesus, a "lógica da doação", que faz cumprir "o
próprio dever com amor": "Quantos pais e mães todos os dias colocam em prática a sua fé oferecendo
concretamente a sua vida pelo bem da família! Pensemos nisso: quantos
sacerdotes, irmãos, irmãs religiosas realizam com generosidade o seu serviço
pelo Reino de Deus! Quantos jovens renunciam a seus interesses para se dedicar
às crianças, aos portadores de deficiência, aos anciãos... também eles são
mártires! Mártires cotidianos, mártires da cotidianidade!"
Dito isso, o Pontífice quis mais uma vez deixar a sua exortação. Reiterou: "Não tenham medo de caminhar contracorrente! Sejam corajosos! E assim, como não queremos comer uma comida estragada, não carreguemos conosco estes valores deteriorados e que prejudicam a vida e tiram a esperança. Adiante!"
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