Neste Domingo, vemos Jesus
em meio a uma situação dolorosa e tão comum à sua época e também nos dias de
hoje, a morte de alguém muito querido e ainda tão necessário sobre a terra. É
impressionante que muitas vezes só damos a devida importância à vida em face da
morte, que só percebemos a importância de alguém quando o perdemos. A morte, de
fato, é um limite, uma cisão, algo de abrupto que nos faz repensar no todo de
nossa existência.
No Evangelho de Lucas que ora escutamos, uma
mulher viúva está a perder seu filho único. Aqui duas coisas são motivadoras da
misericórdia de Jesus sobre a mulher: ser viúva e ter apenas um filho. Na época
de Jesus, as viúvas eram deixadas sem nenhuma assistência, sem nenhum amparo
seja familiar, seja civil. Elas perdiam várias coisas, pois não podiam
trabalhar, não podiam estar em todos os meios sociais e tinham dificuldades em
contraírem novas núpcias. A única forma de manter alguma coisa sólida, era ter
filhos e estes darem o suporte à mãe. No caso da mulher do Evangelho, ela
perdia sua última esperança: seu filho. Jesus, ao vê-la, sentiu compaixão e
executou o milagre de ressuscitar seu filho, sem demora.
O que se realça no Evangelho não é tanto o
milagre da ressurreição, ainda que ele seja extraordinário, mas o fato do olhar
misericordioso de Jesus sobre a vida daquela mulher. Hoje, quantas não são as
nossas situações de miséria em que precisamos do olhar de Jesus sobre nós.
Quantas não são as áreas da nossa vida que precisam ser restauradas pelo amor e
misericórdia de Deus! O caixão que Cristo deve tocar, é tudo aquilo que está
morto na nossa vida, que precisa de vida nova. Peçamos a Ele que volte seu
olhar de misericórdia para nós!
Mas, mesmo sabendo que Cristo nos olha, não
podemos nos acomodar com este fato. Devemos também nós olharmos para Jesus. É
fácil e útil pedimos a assistência do Senhor para nossas necessidades, quando
tudo vai mal, mas será que temos a capacidade diária de nos voltarmos para o
Senhor, de lhe desejar como o ar, de lhe olhar como a um Amigo querido e único?
É necessário também nós voltarmos nosso olhar continuamente para o Senhor e
isto se faz na oração. Orando, nos dirigimos a Deus; orando, nos pomos diante
do Senhor; orando, nos desfazemos de “nossas mortes” para recebermos a vida de
Deus.
Peçamos ao Bom Deus, que olha sempre por nós,
para que não o abandonemos. Voltemos nossa vida para o Senhor! Não deixemos que
a realidade, às vezes dura, às vezes áspera do dia a dia, retire de nós o
desejo da transcendência, o desejo do céu, o desejo do Bem maior.
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