A Solenidade da Ascensão de
Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do caminho percorrido no amor e
na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus
nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar
a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo. No
Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a
desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projeto de
salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos
e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.
Na primeira leitura, repete-se a mensagem
essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do
Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus - a mesma vida que espera
todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto
aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade
alienante; mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projeto de Jesus. A
segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que
foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro
dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos - membros do mesmo
"corpo" - e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse
"corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é
nela que se torna hoje presente no meio dos homens.
A ascensão de Jesus recorda-nos, sobretudo,
que Ele foi elevado para junto do Pai e nos encarregou de continuar a tornar
realidade o seu projeto libertador no meio dos homens nossos irmãos. É essa a
atitude que tem marcado a caminhada histórica da Igreja? Ela tem sido fiel à
missão que Jesus, ao deixar este mundo, lhe confiou? O nosso testemunho
tem transformado e libertado a realidade que nos rodeia? Qual o real
impacto desse testemunho na nossa família, no local onde desenvolvemos a nossa
atividade profissional, na nossa comunidade cristã ou religiosa?
É relativamente frequente ouvirmos dizer que
os seguidores de Jesus gostam mais de olhar para o céu do que se comprometerem
na transformação da terra. Estamos, efetivamente, atentos aos problemas e às
angústias dos homens, ou vivemos de olhos postos no céu, num espiritualismo
alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações, pelas misérias, pelos
sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o coração dos que nos rodeiam?
Sentimo-nos solidários com todos os homens, particularmente com aqueles que
sofrem?
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