O tema deste domingo é,
evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá
vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo. O
Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus
ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva,
recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos
crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que
Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o
Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a
nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de
ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de
amor, povos de todas as raças e culturas. Na segunda leitura, Paulo avisa que o
Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede
os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os
membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas
devem ser postos ao serviço de todos.
Nunca será demais realçar o papel do Espírito
na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do
Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz
de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho;
depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas
limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos
consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos
anima? Damos suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e nas nossas
comunidades?
Para se tornar cristão, ninguém deve ser
espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os
sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as
suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens
deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que
fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos
encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras
raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do
nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?
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