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domingo, 19 de maio de 2013

Homilia da Solenidade de Pentecostes


  Celebramos hoje, com muita alegria, a Solenidade de Pentecostes. Dia em que a Igreja foi apresentada ao mundo, como esposa de Cristo, Templo do Espírito, querida pelo Pai. Para entendermos melhor esta Celebração, é bom conhecermos sua origem lá no Antigo Testamento. Inicialmente a Festa de Pentecostes era chamada “Festa da Colheita” (Ex 23,16). Ela se caracterizava como uma festa agrícola, celebrada sete semanas após o início das colheitas. Nesta festa, realizada nas casas das famílias, as pessoas reconheciam Deus como fonte de chuva e de fertilidade da agricultura e lhe ofereciam os primeiros frutos da terra. Era um dia muito alegre, de partilha de dons e de ação de graças. Mais tarde a celebração passou a ser a “Festa da renovação da Aliança” de Deus com o povo (Dt 16,9-12) e passou a ser celebrada no Templo. No período da dominação grega, a partir do século III a.C., esta festa recebeu o nome de “Pentecostes”, isto é, cinquenta dias.
  Com Jesus, todos esses eventos ganham novo significado: a colheita não é mais de elementos agrícolas, mas de corações humanos; a Festa não é mais restrita aos judeus, mas a todas as nações; a partilha não é mais de dons da terra, mas de dons espirituais; a ação de graças não é mais pelo alimento apenas, mas pelo próprio Dom do alto concedido a nós; não se renova mais a Aliança do Sinai, mas a Ceia instituída por Jesus.
  Em Pentecostes, uma figura se sobressai: o Espírito Santo! É por meio d’Ele que a obra de renovação acontece nos corações e na face da Terra. Não foi à toa, não foi por acaso que o Pai e o Filho quiseram derramar neste dia o Espírito Santo. Como vimos, para os judeus já era um dia festivo, um dia de alegria no Senhor. E para que a alegria fosse plena em nós, quis Deus enviar-nos seu Espírito. Por isso, toda vida triste, toda vida quebrada, viciada ou perdida, não realiza, não manifesta Pentecostes... Uma vida plena do Espírito é uma vida cheia de felicidade, de amor, de integridade, de paz, de respeito, de esperança, de justiça! Quando o Espírito vem, é Festa!
  Pentecostes é Festa da Unidade: “Todos” estavam reunidos, “todos” ficaram cheios do Espírito Santo e “todos” escutaram a Palavra de Deus em sua língua... “Todos”. A obra do Espírito é esta: não deixar ninguém de fora, incluir a todos na lógica do amor. Quando o Senhor Deus Espírito Santo vem sobre a Igreja, vem sobre nós, vem para re-unir os que estavam dispersos, vem para banir discórdias, brigas, rivalidades, ciúmes. Por isso, se hoje é Pentecostes para você, reconcilia-te! Vai ao teu irmão e implora com ele o Espírito sobre ambos para que as divisões e ressentimentos não ganhem força, mas apenas o amor que tudo espera, tudo perdoa, tudo alcança!
  Pentecostes é Festa dos Dons: “Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos”(1 Cor 12,6). Deus é muito criativo e concede seus carismas a quem quer e como quer; para Ele não há barreiras, não há receios, não há limites, não há preconceitos. O Espírito sempre dá o que deseja em todos os tempos e a todos as pessoas. Faz maravilhas que não se podem imitar, nem prever. Diante d’Ele, ninguém é judeu, grego, escravo ou livre, isto é, não somos classificáveis, não temos títulos ou posições; somos enquanto estivermos n’Ele.
  Pentecostes é Festa do Ressuscitado: Hoje é o último dia da Páscoa. Como ouvimos no Evangelho, é da boca do Cristo ressuscitado que procede o Sopro do Espírito: “E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’”(Jo 20,22). O bafejar do Ressuscitado sobre os Apóstolos é dom de paz; o halitar de Jesus sobre eles é remédio contra o pecado... Este “sopro”, o “ruah” que modifica tudo por onde passa, concedendo vida ao que está morto, ao caído, é o Divino Espírito Santo.
  Queridos irmãos. Cheios da fé da Igreja, de que aquele dia bem aventurado se faz atual hoje, aqui; peçamos o Espírito sobre nós! Peçamos um derramamento abundante da graça de Deus sobre nossas famílias, sobre o nosso trabalho, sobre tudo o que temos e somos. Que o Divino Senhor impere sobre nós, mudando tudo o que precisa ser mudado. Amém.

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