Celebramos hoje, com muita alegria, a Solenidade de Pentecostes.
Dia em que a Igreja foi apresentada ao mundo, como esposa de Cristo, Templo do
Espírito, querida pelo Pai. Para entendermos melhor esta Celebração, é bom
conhecermos sua origem lá no Antigo Testamento. Inicialmente a Festa de
Pentecostes era chamada “Festa da Colheita” (Ex 23,16). Ela se caracterizava
como uma festa agrícola, celebrada sete semanas após o início das colheitas.
Nesta festa, realizada nas casas das famílias, as pessoas reconheciam Deus como
fonte de chuva e de fertilidade da agricultura e lhe ofereciam os primeiros
frutos da terra. Era um dia muito alegre, de partilha de dons e de ação de
graças. Mais tarde a celebração passou a ser a “Festa da renovação da Aliança”
de Deus com o povo (Dt 16,9-12) e passou a ser celebrada no Templo. No período
da dominação grega, a partir do século III a.C., esta festa recebeu o nome de “Pentecostes”,
isto é, cinquenta dias.
Com Jesus, todos esses
eventos ganham novo significado: a colheita não é mais de elementos agrícolas,
mas de corações humanos; a Festa não é mais restrita aos judeus, mas a todas as
nações; a partilha não é mais de dons da terra, mas de dons espirituais; a ação
de graças não é mais pelo alimento apenas, mas pelo próprio Dom do alto
concedido a nós; não se renova mais a Aliança do Sinai, mas a Ceia instituída
por Jesus.
Em Pentecostes, uma figura
se sobressai: o Espírito Santo! É por meio d’Ele que a obra de renovação
acontece nos corações e na face da Terra. Não foi à toa, não foi por acaso que
o Pai e o Filho quiseram derramar neste dia o Espírito Santo. Como vimos, para
os judeus já era um dia festivo, um dia de alegria no Senhor. E para que a
alegria fosse plena em nós, quis Deus enviar-nos seu Espírito. Por isso, toda
vida triste, toda vida quebrada, viciada ou perdida, não realiza, não manifesta
Pentecostes... Uma vida plena do Espírito é uma vida cheia de felicidade, de
amor, de integridade, de paz, de respeito, de esperança, de justiça! Quando o
Espírito vem, é Festa!
Pentecostes é Festa da Unidade: “Todos”
estavam reunidos, “todos” ficaram cheios do Espírito Santo e “todos” escutaram
a Palavra de Deus em sua língua... “Todos”. A obra do Espírito é esta: não
deixar ninguém de fora, incluir a todos na lógica do amor. Quando o Senhor Deus
Espírito Santo vem sobre a Igreja, vem sobre nós, vem para re-unir os que
estavam dispersos, vem para banir discórdias, brigas, rivalidades, ciúmes. Por
isso, se hoje é Pentecostes para você, reconcilia-te! Vai ao teu irmão e
implora com ele o Espírito sobre ambos para que as divisões e ressentimentos
não ganhem força, mas apenas o amor que tudo espera, tudo perdoa, tudo alcança!
Pentecostes é Festa dos
Dons: “Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas
em todos”(1 Cor 12,6). Deus é muito criativo e concede seus carismas a quem
quer e como quer; para Ele não há barreiras, não há receios, não há limites,
não há preconceitos. O Espírito sempre dá o que deseja em todos os tempos e a
todos as pessoas. Faz maravilhas que não se podem imitar, nem prever. Diante
d’Ele, ninguém é judeu, grego, escravo ou livre, isto é, não somos
classificáveis, não temos títulos ou posições; somos enquanto estivermos n’Ele.
Pentecostes é Festa do
Ressuscitado: Hoje é o último dia da Páscoa. Como ouvimos no Evangelho, é da
boca do Cristo ressuscitado que procede o Sopro do Espírito: “E depois de ter
dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’”(Jo 20,22). O
bafejar do Ressuscitado sobre os Apóstolos é dom de paz; o halitar de Jesus
sobre eles é remédio contra o pecado... Este “sopro”, o “ruah” que modifica
tudo por onde passa, concedendo vida ao que está morto, ao caído, é o Divino
Espírito Santo.
Queridos irmãos. Cheios da
fé da Igreja, de que aquele dia bem aventurado se faz atual hoje, aqui; peçamos
o Espírito sobre nós! Peçamos um derramamento abundante da graça de Deus sobre
nossas famílias, sobre o nosso trabalho, sobre tudo o que temos e somos. Que o
Divino Senhor impere sobre nós, mudando tudo o que precisa ser mudado. Amém.
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