O
Papa Francisco publicou no dia 24 p.p a Exortação Apostólica, “Evangelii
Gaudium” (A alegria do Evangelho), primeiro documento do gênero escrito por si
na totalidade, em que apresenta o projeto de uma “nova etapa de evangelização”,
nos próximos anos. “Espero que todas as comunidades se esforcem por implementar
os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e
missionária, que não pode deixar as coisas como estão”, escreve, no documento
divulgado pela Santa Sé.
O texto retoma as principais preocupações
manifestadas pelo Papa desde o início do seu pontificado, após suceder a Bento
XVI em março deste ano, e fala numa Igreja “em saída” e atenta às “periferias”,
bem como a “novos âmbitos socioculturais”. A Exortação Apostólica refere-se a
uma “conversão do papado” e questiona uma “centralização excessiva” que
complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária.
O texto desenvolve o tema do anúncio do
Evangelho no mundo de hoje, recolhendo o contributo dos trabalhos do Sínodo que
se realizou no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012 com o tema ‘A nova
evangelização para a transmissão da fé’. Ao contrário do que é habitual, a
exortação não se assume como ‘pós-sinodal’ por ultrapassar o âmbito específico
tratado na última reunião de bispos católicos.
Francisco afirma que os católicos devem tomar
a iniciativa”, num "estado permanente de missão" para enfrentar os
riscos da “tristeza individualista" no mundo de hoje. Essa missão,
acrescenta, origina "novas formas", "métodos criativos",
uma "reforma das estruturas" e uma Igreja com “portas abertas”. "A
evangelização também implica um caminho de diálogo", que abre a Igreja à
colaboração com todas as realidades políticas, sociais, religiosas e culturais.
O Papa repete o desejo de “uma Igreja pobre”, "ferida e suja” após sair à
rua, porque “uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista –
comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores”. “Não
quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado
de obsessões e procedimentos”, adverte.
Francisco deixa várias indicações para o
interior das comunidades católicas, alertando para um "pessimismo
estéril" e para os que ficam “inflexivelmente fiéis a um certo estilo
católico próprio do passado". A exortação sublinha a necessidade de fazer
crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos "à margem nas
decisões" por um "excessivo clericalismo", bem como a de
“ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva”.
O Papa
denuncia o atual sistema econômico, preso a um "mercado divinizado",
e lamenta os "ataques à liberdade religiosa", em particular os casos
de perseguição aos cristãos. Francisco deixa claro que a Igreja não vai mudar a
sua posição na defesa da vida e pede ajuda para as vítimas de tráfico e de
novas formas de escravidão.
O texto percorre
288 pontos, divididos em cinco capítulos, e conclui-se com uma oração a Maria,
‘Mãe da Evangelização’. “O entusiasmo na evangelização funda-se nesta
convicção: temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode
enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir”, escreve o Papa.
Fonte:
Portal Ecclesia
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