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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dia de Finados: teologia, práticas devocionais e apontamentos litúrgicos


  Amanhã celebraremos o Dia de Finados. A morte corporal é vista por muitos como "assustadora realidade", mas para nós cristãos é uma outra face da realidade da mesma vida. "Viver" e "morrer" não se contrapõem, mas se completam e se explicam: a vida é passageira e breve, quem nos diz é a morte; a vida não pode ser apenas o que vemos e somos, mas existe um "para além", uma outra vida após esta que só poderemos alcançar, passando pelo portal da morte. "Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada". Continue a ler o post e descubra a resposta de algumas perguntas importantes sobre vida e morte.

  Podemos fazer alguma coisa pelos mortos? Sim, porque fazem parte da grande comunidade dos filhos de Deus e, portanto, não estão longe de nós, mas unidos na mesma "comunhão dos santos"; continuamos um "diálogo" com os falecidos, não como pensam os espíritas, como se pudéssemos invocar, incorporar e falar com os mortos. Não! Nosso diálogo acontece por meio da oração. É salutar e é nosso dever de piedade, de justiça e de misericórdia rezar pelos falecidos. Quem não o faz se esquece de uma obra de misericórdia!

  O que significa a "morte eterna"? Morte eterna é o destino que, infelizmente, as almas que romperam com Deus recebem ao ir para o inferno. Essa "morte" não é a corporal que todos sofreremos, mas o afastamento definitivo da alma do seu Deus. Todos devemos evitar a morte eterna, através da busca de santidade. Todos os bens e os males que fazemos nos serão contados.

  O que se entende quando se diz "morte da alma"? A alma é o princípio vital de todo o ser vivo. No homem, ela é espiritual (não material) e por isso nunca poderá ser destruída. Falamos figurativamente de "morte da alma" para aludir ao dano que se dá na alma pelo pecado grave, que nos afasta de maneira forte da graça de Deus. Assim, pecar gravemente é "tirar a vida da alma".

  Isto significa que nem todos os que morrem vão para junto de Deus? Essa é uma dura realidade! Segundo a nossa fé, após a morte, que é a separação da alma e do corpo, este cai em decomposição enquanto que a alma terá seu "juízo particular". Nele, segundo o modo de vida que tenha levado cá na Terra, ao indivíduo se abrirão três possibilidades: o Purgatório, ou o Inferno ou o Céu. Para o Purgatório vão as almas dos fiéis que morreram ou em pecado venial (leve) ou com penas dos seus pecados ainda não apagadas. Para o Inferno os que, conscientes e livres, optaram por uma vida sem Deus e sem amor e, à hora da morte, não se arrependeram de seus pecados graves. Para o Céu os que, cheios de alegria se entregaram ao Senhor e às boas obras em vida e agora podem vê-Lo face a face; os que estão purificados de seus pecados todos.

  Nossa oração no dia de finados vai para quem? Vai para as almas do Purgatório. Os que estão no Inferno já estão perdidos e os que estão no Céu, já não precisam de oração; nós é que pedimos sua intercessão junto a Deus.

  Podemos levar flores, pôr fotos dos falecidos junto à sepultura, cuidar dos túmulos? Sim, é uma grande obra! A religião não proíbe nada disso, pelo contrário, é um gesto afetuoso e bonito de amor por aqueles que já partiram. No entanto, o católico deve se lembrar que a maior obra que pode fazer pelos falecidos é rezar por eles e aplicar-lhes as santas indulgências.

  O que são as indulgências? Indulgência é a remissão total ou em parte da pena temporal devida pelos pecados já confessados. Explicando: quando pecamos, nós adquirimos uma "culpa" e uma "pena"; a culpa é o ato mal, a transgressão, o erro, as faltas, nossas ofensas ao Bom Deus e ao próximo. Já a pena é a consequencia do mal que fizemos, o enfraquecimento da nossa vontade, sofrimentos, tribulações e até doenças. Pela confissão sacramental, ficam absolvidas as nossas culpas, não, porém, abolidas nossas penas. Estas manchas, as penas, só são tiradas quando aplicamos a nós (em caso de nosso pecado) ou aos falecidos (pecado deles) as indulgências.

  Como posso adquirir indulgências para os falecidos? Todo fiel batizado pode conseguir tais graças, as condições são as seguintes: confissão sacramental ou não ter pecado grave, comunhão eucarística, nenhum apego ao pecado venial, oração nas intenções do Papa (normalmente Credo, Pai nosso, Ave Maria e Glória ao Pai) e visita ao cemitério ou à Igreja do dia 1° até o dia 8 de Novembro.

  E o que são as indulgências plenárias e parciais aplicadas aos defuntos? Indulgência plenária é a remissão de todas as penas de uma alma, isto é, se aplicamos esta indulgência a um falecido que esteja no Purgatório, ele vai imediatamente para o Céu. As indulgências parciais redimem parcialmente dessas penas. Para os falecidos, a indulgência plenária só se pode obter uma vez ao dia, já a parcial várias vezes, salvo se houver disposições expressas em contrário. Assim, na prática, a cada dia até o dia 8 de Novembro, podemos redimir uma alma do purgatório com nossas orações.


  Como é a Liturgia da Missa deste dia? Numa palavra: sóbria. Não se ornamenta o altar com flores, o toque dos instrumentos só é permitido para sustentação do canto, o sacerdote usa roxo ou preto em seus paramentos, não há canto do Glória nem a oração do Credo. Embora se celebre a esperança da vida eterna, não é uma missa de efusão de ânimos. Muitos lugares querem fazer dessa missa uma missa “alegre”, com palmas, muitos cantos e até dança, como se pudesse “enganar” ou esquecer o sentido da morte. Não é esse o caminho! Não é inserindo eufemismos na Liturgia que ajudaremos o povo a crescer no sentido do mistério. A morte é um mistério que deve ser pensado, não temido, mas refletido por todo cristão.

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