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domingo, 10 de novembro de 2013

Você conhece a Lumen Fidei?


  O Papa Francisco publicou já algum tempo sua primeira Encíclica, dedicada ao tema da fé, na qual afirma que a mensagem cristã é uma resposta à crise contemporânea da “verdade”. “Lembrar esta ligação da fé com a verdade é hoje mais necessário do que nunca, precisamente por causa da crise de verdade em que vivemos”, pode ler-se no documento, intitulado ‘Lumen Fidei’ (Luz da fé), que retoma uma reflexão iniciada por Bento XVI. Na verdade, Francisco assume as preocupações do seu predecessor relativamente a um relativismo no qual a “questão sobre a verdade de tudo” já “não interessa”. Essa Encíclica é ímpar, pois foi fruto do intelecto de dois Papas, talvez mais ainda de Bento XVI que deixou o trabalho praticamente pronto.

  Na Lumen Fidei, o Papa propõe que a verdade parece ser “a única certa, a única partilhável”, restando depois “as verdades do indivíduo”, que não podem ser propostas aos outros. “Nesta perspectiva, é lógico que se pretenda eliminar a ligação da religião com a verdade, porque esta associação estaria na raiz do fanatismo, que quer emudecer quem não partilha da crença própria”, adverte o Papa argentino.

  A encíclica fala numa “verdade grande” que explica o conjunto da vida pessoal e social, apesar de ser vista “com suspeita”, lamentando-se o que se denomina por “grande obnubilação da memória” no mundo contemporâneo. Francisco sublinha que “a fé não é intransigente, mas cresce na convivência que respeita o outro” e que pode “pode iluminar as perguntas” da sociedade atual, na qual muitas vezes é “impossível distinguir o bem do mal”. “O homem renunciou à busca de uma luz grande, de uma verdade grande, para se contentar com pequenas luzes que iluminam por breves instantes, mas são incapazes de desvendar a estrada”, nota.

  O Papa defende que a fé tem a ver também com a vida dos que, apesar de não acreditarem, o “desejam” fazer, procurando “agir como se Deus existisse”. O texto refuta a ideia de que a fé cristã seja uma alienação, apresentando-a, pelo contrário, como um “bem comum”, que oferece à sociedade “um futuro de esperança”. “A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos”, frisa. Para Francisco, “sem verdade, a fé não salva” e seria uma “linda fábula” ou “um sentimento bom que consola e afaga”, mas “incapaz de sustentar um caminho constante na vida”.

  A encíclica recorda o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), para quem “acreditar seria comparável à experiência do enamoramento, concebida como algo de subjetivo”. “Apenas na medida em que o amor estiver fundado na verdade é que pode perdurar no tempo, superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum”, adverte o Papa, para quem “sem o amor, a verdade torna-se fria, impessoal, gravosa para a vida concreta da pessoa”. Apresentando a fé como “escuta e visão”, Francisco observa que esta se transmite também “como palavra e como luz”. “A luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz. A fé nasce do encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa vida”, assinala.


  A Encíclica é leitura obrigatória para todos os que desejam conhecer a verdade da fé católica e se apaixonarem por ela.

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