Pela primeira vez desde que
se tornou Papa emérito, em 28 de fevereiro de 2013, a voz de Bento XVI voltou a
ser registrada oficialmente pela Rádio Vaticano, neste sábado (04/7). Bento XVI
agradeceu, na Residência Pontifícia de Castel Gandolfo, ao Cardeal-arcebispo de
Cracóvia, Dom Stanisław Dziwisz, que lhe conferiu dois títulos de Doutorado
“honoris Causa” em nome dos reitores da Academia Musical de Cracóvia e da
Pontifícia Universidade João Paulo II, instituída por Bento XVI em 19 de junho
de 2009. Esta condecoração, disse o Cardeal Dziwisz, “representa a gratidão
destas duas instituições pela grande estima que Bento XVI sempre nutriu para
com São João Paulo II. Em segundo lugar, pelo seu serviço Pontifício e pela
grande herança da sua doutrina e benevolência”.
Por sua vez, o Papa emérito expressou seu
vivo apreço e reconhecimento pela Condecoração a ele conferida, que reforça
sua profunda ligação com a Polônia, pátria do grande santo João Paulo II,
do qual foi íntimo colaboração por longos anos e sobre o qual disse: “Sem
ele, o meu caminho espiritual e teológico nem pode ser imaginado. Com o seu
exemplo vivo, ele nos ensinou que a alegria da grande música sacra pode
caminhar de mãos dadas com a participação comum da sacra liturgia, como também
a alegria solene e a simplicidade da humilde celebração da fé”.
Aqui, Bento XVI perguntou: “O que é, enfim, a
música? De onde provém e para onde leva?” E respondeu focalizando três fontes
da música: a experiência do amor, a experiência da tristeza e o encontro com o
divino. A poesia, o canto e a música nasceram da dimensão do amor, de uma nova
dimensão da vida e de um toque amoroso de Deus. E acrescentou: “A
qualidade da música depende da pureza e da grandeza do encontro com o divino,
com a experiência do amor e da dor. Quanto mais esta experiência for pura e
verdadeira, tanto mais pura e grande será a música, que dela nasce e se desenvolve”.
Falando de sua experiência pessoal, o Papa
emérito afirmou que “no âmbito das culturas e das religiões mais diferentes
encontramos uma grande arquitetura, pinturas e esculturas, mas também uma
grande música. Contudo, em nenhum outro âmbito cultural há uma grandeza musical
que possa se comparada com aquela nascida no âmbito da fé. A música ocidental,
explicou Bento XVI, é uma coisa única e incomparável com outras culturas, e
apresentou como exemplo, Bach, Händel, Mozart, Beethoven, Bruckner: “A música
ocidental supera sobremaneira o âmbito religioso e eclesial. Todavia, ela
encontra a sua fonte mais profunda na liturgia e no encontro com Deus. A
resposta da grande e pura música ocidental desenvolveu-se no encontro com Deus,
que, na liturgia, se torna presente em Jesus Cristo”. Bento XVI concluiu seu
pronunciamento dizendo que “as duas universidades, que lhe conferiram este
Doutorado “honoris causa” representa uma contribuição essencial, para que o
grande dom da música, que provém da tradição da fé, não se dissipe”.
Fonte: Vatican Radio
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