1. O valor deste dia:
Com a Quarta-feira de Cinzas a Igreja inicia
seu caminho quaresmal de purificação, penitência e súplica pela misericórdia de
Deus. Originalmente a Quaresma era o tempo da administração do batismo, quer
dizer, o tempo de tornar-se cristão, tempo de trilhar um caminho de
transformação, de “conversão” que o homem deve percorrer passo a passo rumo ao
Senhor. Assim, a Quaresma conserva presente para nós a lembrança e o desejo de
vida nova – algo que todos nós devemos querer e buscar; a Quaresma é, por assim
dizer, o grande “retiro espiritual” da família católica, sob a direção maternal
e segundo o método da Santa Igreja. Este “retiro” só terminará com as I
Vésperas (tarde) da Quinta-feira Santa – antes da Missa “in Coena Domini”
(Missa da Ceia do Senhor).
2. A espiritualidade deste
dia:
Ser cristão significa em primeiro lugar que
reconhecemos a nossa insuficiência, que deixamos que Ele – o Deus que é Outro –
disponha de nós e nos ilumine. Somos pó, um nada, mais ainda assim Deus nos
quer e continua a se entregar a nós. Em segundo lugar, para alguém ser cristão,
também é necessária a força da renúncia, o opor-se à força natural do “deixar-se
levar”; será por meio do jejum e da penitência que faremos o caminho de retorno
a Deus. A Quarta-feira de Cinzas é um dos dias do ano consagrado ao jejum e à
abstinência de carne. A abstinência de carne começa aos 14 anos e vai até o fim
da vida; já o jejum, obriga aos de 18 anos até os de 59 anos completos (cân.
1252 CDC). Também este dia deverá ser um tempo de reflexão e oração, de busca
de silêncio interior e exterior.
3. A Celebração deste dia:
A celebração das Cinzas é uma liturgia que
mescla dois movimentos: a Missa de início da Quaresma e a cerimônia da Imposição
das cinzas, que pode ser fora da Celebração, mas que normalmente no Brasil
acontece junto da Missa. Todo fiel católico e fervoroso é convidado a
participar “da Quarta-feira de Cinzas”, ainda que não seja dia de preceito. Participar
desta celebração é iniciar esta peregrinação no deserto junto de outros irmãos.
É fazer a experiência comunitária da luta contra o mal para podermos, juntos,
esperar a glória que há de vir sobre toda a igreja. Pela imposição das Cinzas,
recebemos, neste dia, o convite oficial da Igreja Universal para fazermos juntos
penitência: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar”! “Convertei-vos e crede
no Evangelho”!
4. Particularidades deste
dia:
* Uso das cinzas: A cinza é
símbolo de penitência pelos pecados que trouxeram a morte para este mundo. Em
humilde submissão, todos os filhos da Igreja recebem tais cinzas neste ato
comunitário da Missa.
* A cor dos paramentos é
roxa ou violácea: Símbolo da reflexão e purificação em que a Igreja toda é
mergulhada.
* Início do Tempo de
sobriedade: Não se ornamenta o altar e outras partes da Igreja com flores, mas
é possível o uso de folhagens e os galhos secos.
* Uso contido dos
instrumentos: Não se tocam, em conjunto, vários instrumentos, senão um apenas,
para acompanhar o canto (mas de maneira bem discreta). Estão expressamente proibidos
os instrumentos de percussão.
* Algumas expressões da
Liturgia da Missa são suprimidas: Omite-se o “aleluia” e o “glória”; também nesta
Quarta-feira de Cinzas omite-se o ato penitencial.
* Uso contínuo do silêncio e
dos momentos de meditação: Dê-se ênfase aos momentos de silêncio previstos na
Liturgia, a saber: após as leituras, após a homilia e após a Comunhão.
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