Da oração, cada um
pode ter e dar a sua definição, de acordo com a própria experiência.
Apresentamos aqui algumas definições de alguns autores significativos da
história da espiritualidade cristã [1]. Sempre manifestaram
uma tendência a destacar ou o elemento intelectual ou o elemento afetivo, na
relação entre Deus e o Homem. Logicamente a pessoa é uma só, e relaciona-se com
Deus inteiramente. Portanto, o mais sensato não é separar ou afrentar mas unir
e conjugar. A última definição corresponde a Santa Teresa do Menino Jesus. É a
citação que aparece no início do capítulo IV do Catecismo da Igreja Católica,
dedicado precisamente ao tema da oração:
“A oração é uma
conversação com Deus” (Clemente de Alexandria, +215); é a primeira definição
filosófica da oração;
“A oração é uma
conversação (homilia) com Deus” (São Gregório de Nissa, 335-398, citando
Clemente de Alexandria);
“A oração é um
diálogo (dialexis) com Deus” (São João Crisóstoma, 344/47-407);
“A oração é uma
conversação do intelecto com Deus” (Evágrio Pôntico, 356-400); mais adiante
dirá: “A oração é elevação do intelecto a Deus”. Evágrio tem elementos de
capital importância na reflexão e na prática da oração. O objeto da oração é o
próprio Deus e não um interesse pessoal: “Reza para que não se cumpra a tua
vontade; mas sobretudo para dizer a Deus: «que se cumpra a tua vontade em mim»”.
“A oração é a
conversão da mente a Deus, com um amor piedoso e humilde” (Santo Agostinho-
354-430)
“A oração é a petição
a Deus de coisas convenientes», «é a elevação da mente para Deus» (São João
Damasceno; 748/752); cf. CIC 2559;
Depois de falar das
diferentes formas de oração, João Cassiano (360-435) afirma que há um estádio
superior donda a oração “está informada só pela contemplação de Deus e pela
força do amor que o Espírito permite…. de conversar muito familiarmente com
Deus, como um Pai próximo com um sentimento de piedade filial”;
“A Oração é o afeto
do Homem que adere a Deus, uma espécie de conversação piedosa e familiar, uma
paragem da mente iluminada para gozar de Deus” (Guilherme de Saint-Thierry);
“A oração é a
conversão a Deus, através de um sentimento humilde e piedoso, fundamentado na
fé, na esperança e na caridade” (Hugo de São Vítor, finais do séc.XI-1141);
“A oração é a
elevação da mente para Deus, a fim de O louvar e pedir-lhe coisas convenientes
à eterna salvação” (São Tomás de Aquino, 1225-1274);
“A oração é o piedoso
afeto da mente dirigido a Deus” (São Boaventura, 1217-1274);
“A Oração é a
elevação do coração a Deus, mediante o qual nos abeiramos dEle e nos tornamos
numa coisa só” (Luís de Granada, 1504-1588);
“A Oração mental não
é outra coisa, a meu ver, senão tratar de amizade, estamos muitas vezes a sós,
com Aquele que sabemos que nos ama” (Santa Teresa de Jesus, 1518-1582);
Alimento celestial -
Quem reza alimenta-se de Deus: da sua Palavra, que encontramos na Bíblia; da
sua vontade (Cf Jo 4, 24), do seu próprio Corpo (Cf Jo 6, 58).
Fogo ardente - A
oração não é só luz que ilumina poderosamente, mas também energia que queima e
incendeia. Recordemos a expressão dos discípulos de Emaús: "Não ardia cá
dentro o nosso coração quando Ele nos explicava as escrituras?". O mesmo
se passa com Moisés e com os profetas (ler 23, 29: 20,9).
Dom de Deus - Podemos
dizer orações, mas orar como convém é dom de Deus. "Como convém",
"no Espírito do Senhor", isto é, uma oração que lhe agrade, que
sintonize com a sua vontade, que seja trato de amizade (Cf Rom 8,76-2. Assim,
mais que orarmos nós, podemos dizer que "somos orados"; é o próprio
Deus que ora em nós; o Espírito grita em nós com gemidos inefáveis.
[1] ÁNGEL BRIÑAS, Orar en el momento atual (=Emaús 100),
Centre de Pastoral Litúrgica, Barcelona, 2012, 114-116.
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