Durante este tempo especial
de purificação, a Igreja propõe-nos uma série de meios concretos que nos ajudam
a viver a dinâmica quaresmal: a oração, o jejum e a esmola, também chamada de “caridade”.
São três instrumentos para nos fazer “voltar a Deus” e ao próximo; três
caminhos com um único objetivo: tornar-nos cristãos de novo, a nós que caímos
ou envelhecemos no pecado. Este projeto quaresmal, entretanto, não deve ser
enjaulado no tempo da quaresma, mas posto em ação em todos os dias do ano. A
Igreja no-lo apresenta neste tempo favorável, apenas para nos lembrar do
compromisso de que, como cristãos, estamos obrigados.
Falemos da oração. Ela é o
lugar privilegiado onde Deus se epifaniza; a oração é condição indispensável
para o encontro com Deus. Por ela nós vemos a Deus e Deus nos vê. É no diálogo
íntimo com o Senhor que o cristão deixa a graça divina penetrar no seu coração
e, como a Virgem Maria, se abre à ação do Espírito com uma resposta livre
e generosa (cf. Lc 1,38). Na Quaresma, devemos meditar a Palavra de Deus com
mais profundidade e é conveniente levar à oração temas relacionados com a
Paixão de Cristo e os próprios relatos evangélicos; também é altamente
recomendável a devoção da Via Sacra. Se pudermos (e quase sempre podemos),
façamos o esforço de frequentar mais vezes os Sacramentos, especialmente o da
Confissão. Não nos esqueçamos de que a Igreja também nos pede neste tempo
litúrgico que rezemos mais pela conversão de todas as almas (principalmente
daqueles que nos são mais próximos).
O jejum e as demais
mortificações que podemos fazer nas circunstâncias ordinárias da nossa vida
também constituem um meio concreto de viver o espírito de Quaresma. Não devemos
procurar fazer grandes penitências. O que, sim, podemos fazer é oferecer a Deus
os incidentes cotidianos que nos incomodam, aceitando com alegria os
contratempos que podem apresentar-se: o trânsito lento, as escadas que parecem
intermináveis, a chuva inoportuna. Além disso, podemos renunciar às nossas
pequenas comodidades – uma sobremesa de que gostamos mais, um assento melhor na
condução, um programa de televisão – por amor de Deus. Vale lembrar que a
Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira da Paixão são dias em que a Igreja pede
que todos os fiéis jejuem e abstenham-se de carne.
Por fim, dentre as práticas quaresmais que a
Igreja nos propõe, o exercício da caridade ocupa um lugar especial. É o que nos
recorda São Leão Magno: “Estes dias da Quaresma convidam-nos de maneira
premente ao exercício da caridade; se queremos chegar à Páscoa santificados no
nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo em adquirir esta virtude,
que contém em si todas as outras e cobre uma multidão de pecados”. A caridade
deve ser vivida de maneira especial com aqueles que temos mais perto de nós, no
ambiente concreto em que nos movemos. Trata-se de sorrir àqueles com quem não
nos damos muito bem (talvez por nossa culpa), de aumentar o espírito de
serviço, de convidar um amigo a fazer uma visita a uma família pobre, etc.
Principalmente, pode ser uma oportunidade para aproximarmos de Deus os nossos
familiares e amigos: esse é o maior bem que lhes podemos fazer.
Também devemos ter em conta que a Quaresma é
um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos mais arraigados.
Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio,
fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos
aproxima ou afasta de Deus. Depois, marcaremos metas palpáveis de melhora e nos
esforçaremos por atingi-las. Se alguma vez falharmos, recorreremos com
humildade e contrição ao sacramento da Penitência e recomeçaremos com alegria.
Se fizermos a nossa parte, que é lutar sempre confiantes na ajuda de Deus, Ele
não deixará de nos conceder as graças necessárias para uma verdadeira
conversão.
Fonte: Texto de ACI Digital
com trechos adaptados por BarretePreto
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