Mais
de 3 milhões de pessoas, segundo estimativas, participaram da Missa de
encerramento da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 presidida pelo Papa
Francisco na manhã deste domingo. Após o ‘maior flash mob do mundo’, Francisco
foi recebido no palco na Praia de Copacabana pouco depois das 10 horas, pelos
Cardeais, Bispos e sacerdotes presentes. Na celebração estavam presentes as
Presidentes do Brasil e Argentina, Dilma Roussef e Cristina Kirchner,
respectivamente, o Presidente da Bolívia, Evo Morales, o Presidente do Suriname
e os Vice-presidentes do uruguai e do Panamá. Os milhares de participantes da
Vigília realizada na noite de sábado, viram-se obrigados a improvisar um local
para recuperar as forças para o dia de hoje. Assim, as pequenas barracas, os
sacos de dormir ou os pequenos cobertores nas areias de Copacabana e na Av.
Atlântica, acabaram formando um grande mosaico de cores e formas.
O Papa chegou de helicóptero no Forte
Copacabana, percorrendo a seguir a Av. Atlântica no papamóvel. Francisco subiu
ao palco pouco depois das 10 horas para presidir a Missa que encerrou a JMJ. O
Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, antes de iniciar a
celebração, falou da Jornada no Rio, agradecendo ao Papa Francisco e a todos os
presentes. Alternando entre o português e o espanhol, o Papa Francisco centrou sua homilia
no ‘discípulo e na missão’, refletindo sobre três pontos: ‘Ide’, ‘sem medo’ e
‘para servir’.
Na sua reflexão sobre o primeiro ponto,
‘ide’, Francisco observou que “a experiência deste encontro não pode ficar
trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da
comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde”. “A fé
- disse o Papa - é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é
partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que
Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história”.
O Papa ressaltou que “partilhar a experiência
da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a
toda a Igreja, também a você”: “É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de
domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio
primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por
inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de
Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como
irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós
nesta missão de amor”. “O Evangelho é para todos, não apenas para alguns”,
disse Francisco, pois seu anúncio não tem fronteiras nem limites. ”Não tenham
medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais,
incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a
todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor”,
exortou.
“De forma especial – salientou - queria que
este mandato de Cristo –‘Ide’ - ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América
Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O
Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Este continente recebeu o
anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto", acrescentou:
“Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força
renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da
alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado
José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem
qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o
caminho a ser percorrido”.
Ao falar do segundo ponto, ‘sem medo’, o
Santo Padre explicou que “quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa
frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: «Eu
estou com vocês todos os dias» (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós!
Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha a
vocês”!
O Papa enfatizou que os missionários são enviados em grupo, e que os jovens
devem sentir “a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos santos nesta
missão”: “Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-lhes para
que formassem um grupo, uma comunidade. Queria dar uma palavra também a vocês,
queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram
acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de
fé! Mas esta é uma etapa do caminho. Continuem acompanhando os jovens com
generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que
eles nunca se sintam sozinhos”. Neste ponto, Francisco agradeceu ‘de coração’, “às pastorais da juventude, aos
movimentos e novas comunidades que acompanham os jovens. Tão criativos e
audazes!”.
Referindo-se à leitura proclamada, o Papa
explicou o último ponto de sua reflexão, ‘servir’. “Para anunciar Jesus, Paulo
fez-se «escravo de todos»”. “Evangelizar afirmou - significa testemunhar pessoalmente
o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir,
inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus”. Ao
concluir, Francisco disse que seguindo as três palavras, ‘Ide’, ‘sem medo’,
‘para servir’, os jovens experimentarão “que quem evangeliza é evangelizado,
quem transmite a alegria da fé, recebe alegria”. E acrescentou, que ao
retornarem às suas casas, não devem ter medo “de ser generosos com Cristo, de
testemunhar o seu Evangelho”: “Levar o Evangelho é levar a força de Deus, para
extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras
do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo. Jesus
Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês! Que
Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, lhes acompanhe sempre com a sua ternura: «Ide
e fazei discípulos entre todas as nações»”.
No ofertório, foi apresentada uma criança com
anencefalia (no colo do seu pai) como sinal de acolhida e oferta a Deus pela
vida. No sábado, de fato, após a saída da Catedral do Rio de Janeiro - onde
celebrou com Bispos, sacerdotes, seminaristas e religiosos -, o Papa Francisco
encontrou-se com um casal que lhe apresentou a sua pequena filha, nascida
anencéfala. Eles não quiseram abortar, mesmo sendo permitido pela legislação.
Na oração dos fiéis, rezou-se pelas vítimas
do acidente de trem ocorrido em Santiago de Compostela, na Espanha. Após a
comunhão, o Presidente do Pontifício Conselho dos leigos, Cardeal Stanislaw
Rilko, fez seu pronunciamento. Após, cinco jovens representando os cinco
continentes, receberam do Papa Francisco a cruz missionária.
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