Bernardo
nasceu na última década do século XI, no ano 1090, em Dijon, França. Era o
terceiro dos sete filhos do cavaleiro Tecelim e de sua esposa Alícia. A sua família
era cristã, rica, poderosa e nobre. Desde tenra idade, demonstrou uma
inteligência aguçada. Tímido, tornou-se um jovem de boa aparência, educado,
culto, piedoso e de caráter reto e piedoso. Mas chamava a atenção pela
sabedoria, prudência, poder de persuasão e profunda modéstia.
Quando sua mãe morreu, seus irmãos quiseram
seguir a carreira militar, enquanto ele preferiu a vida religiosa, ouvindo o
chamado de Deus. Na ocasião, todos os familiares foram contra, principalmente
seu pai. Porém, com uma determinação poucas vezes vista, além de convencê-los,
trouxe consigo: o pai, os irmãos, primos e vários amigos. Ao todo, trinta
pessoas seguiram seus passos, sua confiança na fé em Cristo, e ingressaram no
Mosteiro da Ordem de Cister, recém-fundada.
A contribuição de Bernardo dentro da ordem
foi de tão grande magnitude que ele passou a ser considerado o seu segundo
fundador. No seu ingresso, em 1113, eram apenas vinte membros e um mosteiro.
Dois anos depois, foi enviado para fundar outro na cidade de Claraval, do qual
foi eleito abade, ficando na direção durante trinta e oito anos. Foi um período
de abundante florescimento da Ordem, que passou a contar com cento e sessenta e
cinco mosteiros. Bernardo sozinho fundou sessenta e oito e, em suas mãos, mais
de setecentos religiosos professaram os votos.
Bernardo viveu uma época muito conturbada na
Igreja. Muitas vezes teve de deixar a reclusão contemplativa do mosteiro para
envolver-se em questões que agitavam a sociedade. Foi pregador, místico,
escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis, bispos e
também polemista político e tenaz pacificador. Nada conseguia abater ou afetar
sua fé, imprimindo sua marca na história da espiritualidade católica romana.
Ao lado dessas atividades, nesse mesmo
período teve uma atividade literária muito expressiva, em quantidade de obras e
qualidade de conteúdo. Tornou-se o maior escritor do seu tempo, apesar de sua
saúde sempre estar comprometida. Isso porque Bernardo era um religioso de vida
muito austera, dormia pouco, jejuava com freqüência e impunha-se severa
penitência.
Em 1153, participando de uma missão em
Lorena, adoeceu. Percebendo a gravidade do seu estado, pediu para ser conduzido
para o seu Mosteiro de Claraval, onde pouco tempo depois morreu, no dia 20 de
agosto do mesmo ano. Foi sepultado na igreja do mosteiro, mas teve suas
relíquias dispersadas durante a Revolução Francesa. Depois, sua cabeça foi
entregue para ser guardada na catedral de Troyes, França. São Bernardo de
Claraval, canonizado em 1174, recebeu, com toda honra e justiça, o título de
doutor da Igreja em 1830.
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