Domingos nasceu no ano de 1170, em Caleruega, pequena
localidade na Velha Castelha. O pai, Félix de Gusmão, pertencia a
uma família de alta linhagem na Espanha; a mãe era Joana de
Aza. Antes de Domingos nascer, sua mãe, em sonho misterioso, viu um
cão que trazia na boca uma tocha acesa, de que irradiava luz sobre o mundo
inteiro. Efetivamente, São Domingos veio a ser uma luz
extraordinária de caridade e de zelo apostólico, que dissipou grande parte
das trevas das heresias e restabeleceu a verdade em
milhares de corações vacilantes. Domingos, foi o
nome dado à criança, devido à uma devoção que a mãe do santo tinha
com São Domingos de Silos, do qual um dia teve uma aparição, comunicando-lhe os
planos divinos em referência ao recém-nascido. A esse aviso
extraordinário, os pais corresponderam com esmerada atenção na educação
do filho. Domingos, pequeno ainda, deu provas de inclinação
declaradíssima às coisas de Deus.
Seis anos contava o menino, quando
os pais o confiaram à direção de um tio, reitor de uma igreja em
Gumyel. Sete anos passou Domingos na escola daquele sacerdote,
aprendendo, além das primeiras letras, como sejam, acolitar, enfeitar os
altares e cantar no coro. Terminado este curso prático,
transferiu-se para Valência, cidade episcopal no reino de Leon, onde
existia uma universidade que mais tarde, em 1217, passou para
Salamanca.
Durante o tempo dos estudos em
Valência, isto é, durante seis anos, dedicou-se à arte retórica,
além da filosofia e teologia. Acompanharam-lhe os trabalhos
científicos às práticas da piedade, inclusive, severas
penitências. Retraído por completo do mundo, visitava
somente os pobres e doentes, protegia as viúvas e órfãos. Por
ocasião de uma grande fome, vendeu os livros para poder socorrer os necessitados. Certa vez, ofereceu sua própria pessoa para resgatar um jovem
que caira nas mãos dos mouros.
A caridade de Domingos, não
satisfeita com as obras corporais de misericórdia, estendia-se principalmente
às necessidades espirituais do próximo. Para este fim, desenvolveu um zelo
extraordinário, como pregador. O primeiro fruto deste
labor apostólico, foi a conversão do amigo e companheiro dos
estudos, Conrado, que mais tarde entrou para a ordem de
cister, elevado posteriormente à dignidade de Cardeal da Santa Igreja.
Domingos contava apenas vinte e
quatro anos e era considerado um dos mais competentes mestres da vida interior. Dom Diego de Asebes, bispo de Osma, conhecendo os brilhantes dotes
de Domingos, convidou-o a incorporar-se ao cabido da diocese, esperando desta
aquisição uma reforma salutar do clero. O prelado não se viu iludido nas suas
previsões. Domingos em pouco tempo, foi objeto da admiração de todos, como
modelo exemplaríssimo em todas as virtudes cristãs.
Como cônego de Osma, Domingos
percorreu diversas províncias da Espanha, pregando por toda a parte a palavra
de Deus, pela conversão dos pecadores, cristãos e maometanos. Uma
das conversões mais sensacionais que Deus operou por intermédio de Domingos foi
a de Reiniers, célebre heresiarca, que mais tarde tomou o hábito dos frades
dominicanos.
Domingos não era ainda sacerdote. Do
bispo de Osma recebeu a unção sacerdotal, continuando depois a missão
apostólica de pregador. Quando em 1224, por ordem do rei Afonso
de Castelha, o bispo de Osma foi à França na qualidade
de embaixador real, a fim de tratar dos negócios matrimoniais do
príncipe herdeiro Fernando, com a princesa de Lussignan, Domingos
acompanhou-o. Na província de Languedoc, puderam de perto observar as horríveis
devastações feitas pelos albingenses. Numa segunda viagem que
empreenderam, cujo fim era buscar a princesa e entregá-la ao esposo,
tiveram o grande desgosto de não a encontrar entre os vivos.
Chegaram ainda a tempo de assistir-lhe ao enterro.
Preferiram, então, ficar na França,
para dedicar-se à campanha contra os hereges. O bispo
Diego, com o consentimento do Papa, ficou três anos na província de
Languedoc. Passado este tempo, voltou à diocese.
A São Domingos, que foi nomeado superior da
Missão, associaram-se doze abades cistercienses. Pouco
tempo, porém, durou o trabalho coletivo. Dom Diego voltou à Espanha,
os cistercienses retiraram-se para os seus claustros e o próprio Legado
pontifício abandonou o solo francês.
Domingos não desanimou apesar da
missão ter-se-lhe tornado dificílima e perigosa. Com mais oito companheiros
que lhe foram mandados, continuou os trabalhos apostólicos. A
inconstância, porém, que encontrou nos coadjutores, fez nele amadurecer
a idéia de fundar uma nova Ordem, cujos membros, por um voto, se dedicassem à
obra da pregação. Os primeiros que se lhe associaram foram Guilherme
de Clairel e Domingos, o Espanhol. Em 1215 a nova comunidade contava já dezesseis religiosos, com seis espanhóis, oito
franceses, um inglês e um português. Para assegurar-se da aprovação
pontifícia, Domingos em companhia do bispo de Toulouse foi à
Roma e apresentou-se ao Papa Inocêncio III. Coincidiu ele
chegar à capital da Cristandade na abertura do Concílio de
Latrão. Opinaram os padres que em vez de aprovar as regras
de novas ordens, devia o Concílio dirigir a atenção para as Ordens já
existentes e aperfeiçoar-lhes as constituições. Inocêncio
III, baseando-se nestas decisões, negou-se, por diversas vezes, em dar
aprovação à regra da Ordem fundada por Domingos. Aconteceu, porém,
que o Papa teve uma visão, quase idêntica à que lhe fez aprovar a Ordem de São
Francisco de Assis, em 1209. Não querendo contrariar a obra do santo
homem, deu consentimento à fundação da Ordem, prometendo a Domingos expedir a
bula, logo que este tivesse adotado uma regra de ordem já aprovada pela
Igreja. Domingos decidiu-se em favor da regra de Santo
Agostinho, à qual acrescentou mais algumas constituições, como por
exemplo, o silêncio, o jejum e a pobreza.
Quando Domingos, pela segunda vez chegou à
Roma, já não encontrou o Papa Inocêncio III, mas o sucessor deste,
Honório III. Contrariamente ao que receava, obteve a aprovação da
ordem, que veio a ser chamada Ordem dos Pregadores. Nomeado o
primeiro superior, fez a profissão nas mãos do Papa.
Graças à generosidade do bispo de Toulouse e
do conde Simão de Montfort, Domingos pode construir o primeiro convento em
Toulouse. O número dos religiosos crescera consideravelmente, de modo que
Domingos pode introduzir em a novel comunidade e regra recém-aprovada.
Pouco tempo depois, Domingos voltou à Roma e fundou diversos conventos na
Itália. Em Roma, conheceu São Francisco de Assis, a quem se ligou em íntima
amizade. Em 1218 foi a Bolonha fundar um convento, perto da Igreja de Nossa
Senhora de Mascarella. Um ano depois, teve Domingos a satisfação
de fundar outro na mesma cidade, sendo que este, tempos depois, veio a ser
um dos mais importantes da Ordem na Itália.
O exemplo de São Francisco de Assis e o
admirável desenvolvimento da Ordem por ele fundada, influiu grandemente no
espírito de são Domingos. Como o Patriarca de Assis, introduziu S. Domingos na
sua ordem o voto de pobreza em todo o rigor.
São Domingos morreu no dia 06 de agosto de
1221, na idade de 51 anos. Numerosos milagres por seu intermédio Deus
se dignou de fazer. O Papa Gregório IX inseriu-lhe o nome no catálogo dos
Santo, em 23 de julho de 1234. Muito concorreu para o culto de S. Domingos na
Igreja Católica, a devoção do Santíssimo Rosário, de quem era grande Apóstolo. A
Ordem dos pregadores deu à Igreja, muitos Santos, entre estes o
grande São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Santa Catarina de Siena, São
Vicente Ferrer, o Papa Pio V.
Fonte:
Portal Oriente
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