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domingo, 18 de agosto de 2013

Homilia do Santo Padre na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora


Queridos irmãos e irmãs!
  Ao fim da Constituição sobre a Igreja, o Concílio Vaticano II deixou-nos uma belíssima meditação sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria. Quero apenas lembrar as expressões que se referem ao mistério que hoje celebramos: a primeira é esta: "A Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como Rainha do universo" (n. 59). E depois, perto do fim, ainda tem esta: "A Mãe de Jesus, assim como, glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há-de consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor" (n. 68). À luz deste belíssimo ícone da nossa Mãe, podemos considerar a mensagem contida nas leituras bíblicas que acabamos de escutar. Podemos concentrar-nos em três palavras-chave: luta, ressurreição e esperança.

  A passagem do Apocalipse apresenta a visão da luta entre a mulher e o dragão. A figura da mulher, que representa a Igreja, é por um lado gloriosa, triunfante, e por outro ainda com dores de parto. Assim, na verdade é a Igreja: se no Céu ela já está associada à glória do seu Senhor, na história vive continuamente as provas e os desafios que comporta o conflito entre Deus e o maligno, o inimigo de sempre. E nesta luta que os discípulos de Jesus devem enfrentar, Maria não os deixa sozinhos; a Mãe de Cristo e da Igreja está sempre conosco. Também Maria, em certo sentido, partilha esta dupla condição. Ela, naturalmente, já entrou definitivamente na glória do Céu. Mas isto não significa que ela esteja longe, que esteja separada de nós; muito pelo contrário, Maria nos acompanha, luta conosco, sustenta os cristãos no combate contra as forças do mal. A oração com Maria, especialmente o Rosário, tem também esta dimensão "agonística", ou seja, de luta, uma oração que sustenta na luta contra o maligno e os seus cúmplices.

  A segunda leitura fala-nos da ressurreição. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, insiste no fato que ser cristão significa acreditar que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos. Toda a nossa fé baseia-se nesta verdade fundamental, que não é uma ideia, mas um evento. E também o mistério da Assunção de Maria em corpo e alma está todo ele inscrito na Ressurreição de Cristo. A humanidade da Mãe foi "atraída" pelo Filho na sua passagem através da morte. Jesus entrou de uma vez para sempre na vida eterna com toda a sua humanidade, aquela que Ele havia tomado de Maria; assim ela, a Mãe, que O seguiu fielmente em toda a sua vida, O seguiu com o coração, entrou com Ele na vida eterna, que também chamamos Céu, Paraíso, Casa do Pai.


  Também Maria conheceu o martírio da cruz: a Paixão do Filho viveu-a plenamente na alma. Esteve plenamente unida a Ele na morte, e por isso foi-lhe dado o dom da ressurreição. Cristo é a primícia dos ressuscitados, e Maria é a primícia dos redimidos, a primeira "daqueles que são de Cristo". O Evangelho sugere-nos a terceira palavra: esperança. Esperança é a virtude de quem, experimentando o conflito, a luta quotidiana entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, acredita na ressurreição de Cristo, na vitória do Amor. 

  O Magnificat é o cântico da esperança, é o cântico do Povo de Deus em caminho na história. É o cântico de tantos santos e santas, alguns bem conhecidos, outros, muitíssimos, desconhecidos, mas bem conhecidos por Deus: mães, pais, catequistas, missionários, padres, irmãs, jovens, também crianças, que enfrentaram a luta da vida, trazendo no coração a esperança dos pequenos e dos humildes. "A minha alma engrandece ao Senhor" - canta também hoje a Igreja em todas as partes do mundo. Este cântico é particularmente intenso onde o Corpo de Cristo sofre hoje a Paixão. E Maria está lá, próxima a estas comunidades, a estes nossos irmãos, caminha com eles, sofre com eles, e canta com eles o Magnificat da esperança.

  Queridos irmãos e irmãs, unamo-nos também nós, com todo o coração, a este cântico de paciência e de vitória, de luta e de alegria, que une a Igreja triunfante com a peregrinante, que une a terra com o Céu, a história com a eternidade.

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