O Papa Francisco
encontrou-se hoje com o Patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu
I, para uma oração ecumênica, em Istambul, que encerrou o segundo dia da viagem
pontifícia à Turquia. “[André e Pedro] Eram irmãos de sangue, mas o encontro
com Cristo transformou-os em irmãos na fé e na caridade. E nesta noite jubilosa,
nesta oração de vigília quero, sobretudo, dizer: irmãos na esperança”, disse,
durante a cerimônia na igreja de São Jorge, sede do Patriarcado Ecumênico.
O Papa foi acolhido ao som dos sinos do
templo e uniu-se a Bartolomeu na oração pela unidade das duas Igrejas,
recitando o Pai-nosso e abençoando a assembleia. “Que grande graça – e que
grande responsabilidade – poder caminhar juntos nesta esperança, sustentados
pela intercessão dos Santos irmãos Apóstolos André e Pedro! E saber que esta
esperança comum não desilude”, referiu o pontífice argentino. O Papa, bispo de
Roma, é o sucessor de Pedro; Santo André é o patrono do Patriarcado Ecumênico
de Constantinopla, sediado no antigo bairro grego de Istambul, o Fanar.
“Venerado e querido Irmão Bartolomeu, ao
mesmo tempo que lhe exprimo o meu sincero “obrigado” pelo seu acolhimento
fraterno, sinto que a nossa alegria é maior porque a fonte está mais além, não
está em nós”, afirmou Francisco. O Papa agradeceu a Deus pela oportunidade de
rezar com Bartolomeu na véspera da Festa de Santo André, pedindo “a paz e a
alegria que o mundo não pode dar, mas que o Senhor Jesus prometeu aos seus
discípulos e lha deu como Ressuscitado, no poder do Espírito Santo”. Depois de
Bento XVI, em 2006, Francisco acedeu ao convite de celebrar na Turquia esta Festa,
na qual habitualmente o Papa se faz representar por uma delegação.
Ortodoxos e católicos encontram-se divididos
desde o Cisma do Oriente, em 1054, data em que trocaram excomunhões o Papa Leão
IX e o Patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário; as excomunhões foram
levantadas em 1965, mas ortodoxos e católicos não recuperaram ainda a unidade
plena. Bartolomeu, que foi ao Vaticano para a cerimônia de início de
pontificado de Francisco, um gesto inédito desde o Cisma, assinalou que o Papa
“preside na caridade” e elogiou a vontade do atual bispo de Roma de manter um
diálogo “fraterno e estável” com a Igreja Ortodoxa, “visando a restauração da
plena comunhão”.
Nesse sentido, o Patriarca disse que esta
visita é “um acontecimento histórico recheado de sinais para o futuro”. Simbolicamente,
o Papa pediu a Bartolomeu que o abençoasse a si e à “Igreja de Roma”. Bartolomeu
I é o 269.º sucessor de Santo André e ‘primus inter pares’ dos patriarcas
ortodoxos, tendo ajudado a consolidar, ao longo dos últimos anos, o diálogo com
a Igreja Católica. Esta é a quarta deslocação de um Papa à Turquia, depois de
Paulo VI (1967), João Paulo II (1979) e Bento XVI (2006).
Francisco e Bartolomeu estiveram juntos em
maio deste ano, durante a viagem do Papa à Terra Santa, assinando em Jerusalém
uma declaração conjunta na qual assumem compromissos comuns em causas sociais e
no diálogo entre religiões. Apesar dos avanços verificados nas últimas décadas,
persistem desentendimentos sobre o estatuto das Igrejas Católicas do Oriente,
chamadas “uniatas” pelos ortodoxos; internamente, Bartolomeu enfrenta
discussões relativas ao papel do primado de honra da sede de Constantinopla.
Francisco vai regressar a Fanar neste
domingo, após ter celebrado uma Missa em privado, para a Divina Liturgia na
igreja patriarcal de São Jorge, assinalando o dia de Santo André; dado que não
existe comunhão eucarística entre as duas Igrejas, o Pontífice argentino não
concelebrará durante a Liturgia, permanecendo numa posição de honra. No final,
o Papa e Bartolomeu vão dirigir-se aos participantes, abençoando-os, antes da
assinatura de uma nova declaração comum. Às 16h45 locais, Francisco vai
despedir-se da Turquia após três dias de viagem, no Aeroporto Atatürk de
Istambul, estando a chegada ao Aeroporto de Roma-Ciampino prevista para as
18h40 italianas
Fonte: Portal Ecclesia
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