I. Oh! Quanto o belo Coração
de Jesus é fiel para com aqueles que Ele chama a seu santo amor! Fiel é
aquele que vos chamou: ele também assim fará. A fidelidade de Deus nos dá ânimo
para esperar tudo, se bem que nada mereçamos. Depois de expulsarmos a Deus de
nosso coração, basta que Lhe abramos a porta para Ele entrar logo segundo a
promessa feita: Si quis aperuerit mihi ianuam, intrabo ad illum et coenabo
cum illo (1) – “Se alguém me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei
com ele”. – Se desejamos graças, peçamo-las em nome de Jesus Cristo, visto que
Ele nos prometeu que assim as obteremos: Se pedirdes alguma coisa a meu
Pai em meu nome, Ele vo-la dará (2). Nas tentações, confiemos nos méritos
de Jesus, e Ele não permitirá que os inimigos nos incomodem acima das nossas
forças: Fidelis autem Deus est, qui non patietur vos tentari supra id quod
potestis (3).
Oh, como é preferível tratar com Deus a
tratar com os homens! Quantas vezes estes não prometem e depois faltam à
palavra, quer porque enganam na promessa, quer porque depois da promessa mudam
de opinião. Non est Deus quasi homo, ut mentiatur; nec ut filius hominis
ut mutetur (4). Deus, assim diz o Espírito Santo, não pode ser infiel em
suas promessas, porque não pode mentir, sendo a verdade mesma; nem pode mudar
de opinião, porque tudo o que quer é justo e reto. Prometeu acolher todo aquele
que a Ele se chega; dar auxílio ao que o pede, amar àquele que O ama, e depois
não há de fazer? Dixit ergo, et non faciet?
Oxalá fôssemos nós tão fiéis a Deus, assim
como Ele o é para conosco! No passado, quantas vezes não Lhe temos prometido
sermos todos d’Ele, servi-Lo e amá-Lo; e depois nos tornamos traidores, e
renunciando ao seu serviço, fizemo-nos escravos do demônio! Peçamos-Lhe que nos
dê força para Lhe sermos fieis no futuro. – Felizes de nós, se formos fiéis a
Jesus Cristo nas poucas coisas que Ele nos manda! Ele será fiel
recompensando-nos copiosamente, e nos fará ouvir o que prometeu a seus servos
fiéis: Euge, serve bone et fidelis! Quia super pauca fuisti fidelis, super
multa te constituam; intra in gaudium domini tui (5) – “Eia, servo bom e fiel; já
que foste fiel no pouco, te investirei na posse do muito: entra no que é gozo
de teu senhor”.
II. Amadíssimo Redentor meu, oxalá que eu Vos
tivesse sido fiel, como Vós o fostes comigo. Cada vez que Vos abri a porta do
meu coração, nele entrastes para me perdoar e receber a vossa graça; cada vez
que Vos invoquei, correstes em meu socorro. Vós fostes sempre fiel e eu Vos fui
muitas vezes infiel: prometi servir-Vos e depois tantas vezes Vos virei as
costas; prometi amar-Vos e depois mil vezes Vos recusei meu amor, como se Vós,
meu Deus, meu Criador e meu Redentor, fôsseis menos digno de ser amado, que as
criaturas e as miseráveis satisfações pelas quais Vos abandonava. Perdoai-me, ó
meu Jesus. Reconheço a minha ingratidão e a detesto. Reconheço que sois a bondade
infinita, digna de um amor infinito, especialmente digna de ser amada por mim,
a quem tanto tendes amado após tantas ofensas da minha parte.
1. Apoc. 3, 20.
2. Io. 14, 13.
3. 1 Cor. 10, 13.
4. Num. 23, 19.
5. Matth. 25, 23.
Fonte: “Meditações: Para
todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso”
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