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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A iconografia mariana


  Primeiramente devemos distinguir entre a “iconografia sagrada pagã” e a “iconografia sagrada cristã”; a pagã, representa “divindades” e “espíritos” de qualquer outra religião não judaico-cristã. A cristã recorre a temas tanto veterotestamentários, como neotestamentários – esses postos mais em evidência. A iconografia cristã, segundo a tradução, é representação, através de interpretações plásticas, de Deus, Cristo, Maria e dos Santos como também das verdades reveladas aos homens sobre os desígnios de Deus, consignados nos Livros Sagrados. Tais representações, que tinham por finalidade relembrar aos fiéis a vivência do calendário litúrgico, têm oferecido aos artistas rico e variado repertório de temas.

  Nos primórdios de nossa era, o Cristianismo e, consequentemente, a Arte Cristã desenvolve-se nas catacumbas. As manifestações artísticas desse período apresentam características de manifestações ingênuas, hieráticas com simbolismo da mitologia pagã. Até o início do século IV, Cristo era representado como o Bom Pastor, levando aos ombros um cordeiro ou ovelha. E a documentação representando a cruz é raríssima, provavelmente por considerá-la um instrumento “infame” para suplicio de Cristo, embora fosse preocupação apostólica lembrar a imagem ou figura da cruz como instrumento de salvação. Já as cenas alusivas à paixão de Cristo não eram encontradas uma vez que podiam ferir o sentimentalismo dos primeiros fiéis.

  Da Idade Média em diante, tornaram-se freqüentes as representações iconográficas relacionadas à vida, paixão e morte de Cristo e outros temas da Sagrada Escritura, históricos ou lendários, sobre a vida dos santos, embora persistissem os temas pagãos e os motivos clássicos, transformados ou adaptados às idéias cristãs.

  No início da Era Moderna, a iconografia buscou inspiração no passado greco-latino, redescobrindo a perspectiva, o uso da luz e das cores e revelando marcada tendência antropocêntrica. No período do Barroco, quando a reforma responde a Contra-Reforma, reuniu-se em Trento em Concílio para afirmar o dogma católico e a oposição entre a concepção pagã da vida e as aspirações místicas cristãs, sendo também objeto de discussão a iconografia.

  A partir do Barroco, a representação da Vida, Paixão e Morte de Cristo ganhou destaque na iconografia cristã. Com isso, a figura a Virgem Maria também era lembrada. Portanto, a iconografia dessa época revela já várias invocações a Maria. À representação da Virgem Maria, segue-se a iconografia dos santos, invocados como protetores, festejados como padroeiros e largamente difundidos pela cultura ibérica. Cada enfermidade tem, até hoje, seu protetor; cada apuro, seu advogado; cada camada social, seu patrono; cada profissão, seu guia. A eles estão ainda ligadas vilas, cidades e acidentes geográficos, por terem sido fundados ou descobertos quando o calendário a respectiva festa.

  As particularidades de cada invocação influíram sobremaneira nas representações plástico-religiosas, com elementos iconográficos da arte ocidental e oriental, aparecem na arte colonial brasileira.

  Podemos representar a iconografia mariana em cinco blocos:

 Mistérios da vida de Maria. Por exemplo: seu nascimento, suas dores, sua assunção.
  Graças ou Privilégios. Por exemplo: Mãe de Deus, Mãe dos homens, Senhora dos anjos.
 Necessidades dos homens. Por exemplo: Amparo, dos Remédios, da Boa Morte.
  Lugares. Por exemplo: Nazaré, Fátima, Lourdes.
 Devoções particulares. Por exemplo: Rosário, Pantanal, Neves.

  Só poderemos descobrir muitas vezes as diferenças entre as invocações a partir do “atributo”, que são objetos, vestimentas, pessoas ou circunstâncias onde a representação está inserida, ou ainda, gestos. Assim distinguiremos, por exemplo, “Nossa Senhor da Conceição” de “ Nossa Senhora da Assunção”: Ambas podem ter anjos e lua aos seus pés, mas a primeira está de mãos postas e suas roupas caídas em direção ao corpo; já a Assunção está de braços erguidos ou soltos do corpo, com suas vestes esvoaçantes representando o movimento de sua elevação ao céu.

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