Mais
um dia 31 de Outubro, mais uma vez as pessoas falam e o comércio, mais ainda,
sobre o Halloween, aqui no Brasil chamado de “dia das bruxas”. O que dizer
sobre ele? É ingênuo? Brincadeira de criança? É como festa ploc? Bem, primeiro
temos que falar da origem dessa festa para depois falar de sua atualidade e
suas deturpações.
Na Irlanda, antes de ser cristianizada pelos
monges, havia uma festa pagã chamada de Samhain. Nela havia o culto de seres
fantásticos como os duendes, as fadas e também o culto negro feito a partir de
invocações às bruxas. Com o advento do cristianismo, os costumes maus foram
purificados, mas a festa manteve-se, a fim de incluir a todos e de aglutinar um
maior número de novos fiéis, combatendo a antiga festa. Assim, ela deixa de se
chamar “Samhain” e passa a levar o nome de “Halloween”, que é uma contração da
expressão: “All Hallow’s Eve” - Vigília de Todos os Santos”. Houve um
verdadeiro batizado da festa e uma mudança de conteúdo; não mais se cultuavam
seres pagãos, mas se debochavam deles através das fantasias. Ao invocar os
santos, se fazia pouco da “força” das bruxas e dos duendes.
Com a ida dos irlandeses para os EUA,
levou-se a cultura céltica e as práticas de diversas festas católicas para lá,
inclusive o Halloween. A festa se incorporou tanto à cultura americana que
passou a fazer parte dela, até mesmo se esquecendo de sua origem irlandesa. É
estranho que queiram implementar tal festa no Brasil, visto que não temos
nenhuma origem irlandesa, céltica ou americana, a não ser a “cultura do consumo”:
consumir tudo o que vem dos EUA como bom, melhor e legal.
O Halloween (All Hallow’s Eve, Vigília de
Todos os Santos) não é satânico nem esotérico em sua raiz. “É um dia que
celebra a Vigília de Todos os Santos. E os católicos irlandeses é que começaram
a se vestir de diabo e bruxas. Sabem por quê? Para debochar do paganismo, para
mostrar, num jeito bem celta, que os “antigos costumes” não valem nada, que o
diabo não tem poder sobre Cristo” (Rafael Vitola Brodbeck). Também fala o conhecido
apologista católico, Prof. Carlos Ramalhete, sobre o tema: “As fantasias de
seres malignos postas em crianças é uma forma de mostrar como eles são fracos e
ridículos (como as crianças, que na Europa são tradicionalmente vistas como
adultos que ainda não estão “prontos”). As fantasias de Halloween têm, assim,
um sentido simbólico mais ou menos parecido com o uso de fantasias de políticos
no Carnaval brasileiro.
Como, contudo, com a descristianização da sociedade
americana houve um ressurgimento dos medos pagãos, atribuindo aos demônios
poderes maiores que a realidade, criando-se novas formas de culto demoníaco
(Wicca, etc.), no que a visão calvinista de mundo não ajudou pouco (basta
lembrar-se do episódio das Bruxas de Salém para ver este medo em ação), esta
festa derivou até ter par alguns o significado presente de celebração da
bruxaria. O que era ridículo tornou-se “mágico”, o que era uma demonstração de
fraqueza tornou-se demonstração de força.
Podemos assim dizer que o Halloween
atualmente adicionou conotações não-cristãs a uma festa cristã (a festa celta
foi completamente perdida e submergida no cristianismo, como a nossa festa de
S. João – originalmente data magna da comemoração celta do solstício de verão
-, o uso de alianças de casamento, etc.). Estas conotações, porém, dentro do
“mainstream” americano, não tem em absoluto um sentido de protesto aberto
contra a Igreja, sendo apenas uma festa algo farsesca (logo ainda preservando
algo do espírito cristão original). Apenas alguns amalucados (Wiccans e outros)
a vêem como celebração da bruxaria e não como uma espécie de Carnaval.”
O maior mal é traduzir a Festa de Halloween
como “dia das bruxas” e não como “Vigília de Todos os Santos”. Dá-se a entender
que seja um dia para se homenagear as seguidoras do Demônio. De fato,
infelizmente, é este espírito que se tem difundido em muitos ambientes
brasileiros. Festas de pegação, orgias, bebedeiras e bem longe de alguma “santidade”.
Ao se vestir de Diabo ou de bruxa não se pensa em “debochar” deles, mas “ser”
como eles. Esse é o grande problema. Pessoalmente, creio que já que a maioria
não sabe da raiz cristã dessa festa, nem a segue na prática, deveríamos ser contrários
à participação nestas “festinhas”. Ainda que não sejam “pesadas”, acaba sendo
uma disseminação de uma festa que não diz nada aos nossos jovens e crianças.
Nessa época muitas escolas e, sobretudo cursinhos de inglês, fazem esta festa.
Seria o momento de, corajosamente, dizermos “não” à sua participação. A não ser
que se contasse a história como é, se colocasse a tradução exata e que a figura
dos santos e dos monges irlandeses fosse lembrada e apresentada. Será que
alguém faria isso?
Pe .Helcimar, muito interessante. Já ouvi várias histórias sobre o Halloween ( inclusive sobre a Irlanda e Celtas) ,mas nunca esta. Obrigada por sempre estar nos transmitindo conhecimentos.
ResponderExcluirGde abraço.