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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Quanto tempo dura uma homilia?


  A homilia é um verdadeiro “calcanhar de Aquiles” para muitos padres e diáconos. Um momento sensível que pode causar até mal estar. Nervosismo, falta de clareza nas ideias, pavor frente à assembleia e imprecisão nos conteúdos da fé têm trazido a várias homilias o caos e o sofrimento, tanto para o pregador quanto ao povo que o escuta. Uma grande reclamação é de que o pregador “fala muito e não diz nada”; de fato, quanto mais se alonga uma homilia, mais chances existem dela se perder no caminho da compreensão e enfadar quem a ouve. Mas perguntamos: existe um tempo para a homilia? Ela é obrigatória? Em sua exortação apostólica Verbum Domini, o Papa Bento XVI dedicou uma passagem à importância da homilia. Vejamos o número 59:

  Várias tarefas e ofícios competem a cada um no tocante à Palavra de Deus: aos fiéis, cabe ouvi-la e meditá-la; expô-la, porém, cabe apenas àqueles que, em virtude da sagrada ordenação, têm a respectiva tarefa magisterial, ou àqueles a quem é confiado o exercício deste ministério: os bispos, sacerdotes e diáconos. Daqui a importância que o sínodo atribuiu à homilia. Já na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, eu salientei que, "em relação à importância da Palavra de Deus, há necessidade de melhorar a qualidade da homilia. Ela faz parte da ação litúrgica; destina-se a promover uma compreensão mais profunda da Palavra de Deus na vida dos fiéis.

  A homilia é uma atualização da mensagem bíblica, a fim de que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus na vida de hoje. Ela deve levar à compreensão do mistério que se celebra, convocar para a missão, dispondo a assembleia para a profissão de fé, para a oração universal e para a liturgia eucarística. Como resultado, quem por ministério específico deve pregar dedique-se de coração a essa tarefa. Devem-se evitar homilias genéricas e abstratas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, bem como inúteis divagações que ameaçam chamar mais atenção para o pregador do que para o coração da mensagem evangélica. Deve ficar claro para os fiéis que o que está no coração do pregador é mostrar a Cristo, que deve ser o centro de cada homilia. Isto exige que os pregadores tenham confiança e constante contato com o texto sagrado e se preparem para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregar com paixão e convicção.

  A assembleia sinodal exortou a se fazerem as seguintes perguntas: o que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim, pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, levando em conta a sua situação específica? O pregador deve se deixar desafiar pela Palavra de Deus que proclama, porque, como diz Santo Agostinho, "é inútil pregar exteriormente a Palavra de Deus e não ouvi-la no próprio coração". Cuide-se com especial atenção da homilia dos domingos e das solenidades, mas não se negligenciem as das missas cum populo durante a semana: quando possível, ofereçam-se breves reflexões, apropriadas à situação, para ajudar os fiéis a receber e fazer frutificar a Palavra ouvida”.

  Por estes apontamentos percebemos que a homilia é um elemento fundamental, obrigatório nos Domingos e Dias Santos e opcional nas Missa feriais (dias da semana), mas não menos importante. As homilias dos Domingos e Solenidades podem ser mais extensas, enquanto as da semana, simples, devem ser sempre breves. Este é o desafio que a Igreja apresenta para a pregação de padres e diáconos! Infelizmente, para muitos pregadores, o momento da homilia é a de tentar dizer tudo o que se sabe daquele tema, tornando a homilia longa e cansativa; para outros é o momento das piadas, de contar sobre a própria vida, tirando a sacralidade do momento e tornando próximo a um momento de auditório; outros se aproximam ao estilo protestante, interagindo com o povo e incitando emoções através de gritos e músicas... Uma pregação num retiro ou num outro momento paralitúrgico é bem diferente daquilo que entendemos por “homilia” e dentro da Missa.


  A melhor homilia é aquela preparada por uma meditação anterior à celebração, breve e principalmente proporcional a toda a celebração. Infelizmente, estende-se na homilia e corre-se na Oração Eucarística... Um erro. É claro que devem-se levar em conta vários fatores culturais; em algum lugar, numa celebração especial de jubileu, de bodas, Festa do Padroeiro, tomada de posse, despedida, certamente as falas serão mais prolongadas e é quase impossível dar regras precisas. No entanto: temperança, visão pastoral, bom senso e a preparação da homilia são coisas sem as quais não se pode deixar de perceber numa boa homilia. A melhor homilia não é a longa nem a curta, é a que se ouve com gosto e se insere, equilibradamente, no corpo da Celebração. 

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