A comunidade cristã é uma
“multidão” que abraçou a mesma fé – quer dizer, que aderiu a Jesus, aos seus
valores, à sua proposta de vida. A Igreja não é um grupo unido por uma
ideologia, ou por uma mesma visão do mundo, ou pela simpatia pessoal dos seus
membros; mas é uma comunidade que agrupa pessoas de diferentes raças e
culturas, unidas à volta de Jesus e do seu projeto de vida e que de forma
diversa procuram encarnar a proposta de Jesus na realidade da sua vida
quotidiana. Que lugar e que papel Jesus e as suas propostas ocupam na minha
vida pessoal e na vida da minha comunidade cristã? Jesus é uma referência
distante e pouco real, ou é uma presença constante, que me interroga, que me
questiona e que me aponta caminhos?
A comunidade cristã é uma família unida, onde
os irmãos têm “um só coração e uma só alma”. Tal fato resulta da adesão a
Jesus: seria um absurdo aderir a Jesus e ao seu projeto e, depois, conduzir a
vida de acordo com mecanismos de divisão, de afastamento, de egoísmo, de
orgulho, de auto-suficiência… A minha comunidade cristã é uma comunidade de
irmãos que vivem no amor, ou é um grupo de pessoas isoladas, em que cada um
procura defender os seus interesses, mesmo que para isso tenha de magoar e de
espezinhar os outros? No que me diz respeito, esforço-me por amar todos, por
respeitar a liberdade e a dignidade de todos, por potenciar os contributos e as
qualidades de todos?
A comunidade cristã é uma comunidade de
partilha. No centro dessa comunidade está o Cristo do amor, da partilha, do
serviço, do dom da vida… O cristão não pode, portanto, viver fechado no seu
egoísmo, indiferente à sorte dos outros irmãos. Em concreto, o nosso texto fala
na partilha dos bens… Uma comunidade onde alguns esbanjam os bens e onde outros
não têm o suficiente para viver dignamente, será uma comunidade que testemunha,
diante dos homens, esse mundo novo de amor que Jesus veio propor? Será cristão
aquele que, embora indo à igreja, só pensa em acumular bens materiais,
recusando-se a escutar os dramas e sofrimentos dos irmãos mais pobres? Será
cristão aquele que, embora contribuindo com dinheiro para as necessidades da
paróquia, explora os seus operários ou comete injustiças?
A comunidade cristã é uma comunidade que
testemunha o Senhor ressuscitado. Como? Através do discurso apologético dos
discípulos? Através de palavras elegantes e de discursos bem elaborados,
capazes de seduzir e de manipular as massas? O testemunho mais impressionante e
mais convincente será sempre o testemunho de vida dos discípulos… Se
conseguirmos criar verdadeiras comunidades fraternas, que vivam no amor e na
partilha, que sejam sinais no mundo dessa vida nova que Jesus veio propor,
estaremos a anunciar que Jesus está vivo, que está a atuar em nós e que,
através de nós, Ele continua a apresentar ao mundo uma proposta de vida
verdadeira.
Fonte: Portal Dehonianos
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