Testemunhar e anunciar a mensagem cristã, conformando-se com Jesus Cristo. Proclamar a misericórdia de Deus e suas maravilhas a todos os homens.

Páginas

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Santos João XXIII e João Paulo II foram canonizados há um ano


  Nunca na história da Igreja de Roma um seu bispo proclamou santos dois predecessores tão próximos no tempo como acontece agora com a canonização de Angelo Giuseppe Roncalli e Karol Wojtyła. Sem dúvida alguma, João XXIII e João Paulo II foram protagonistas na segunda metade do século XX de dois pontificados — o primeiro breve, o segundo bastante longo, até ao início do novo século — dos quais se sente a importância já agora, ainda antes que deste tempo seja permitida uma avaliação fundada em perspectiva histórica.

  E todavia, o sentimento dos fiéis — mas também a percepção a partir de fora, até em mundos distantes — precedeu o reconhecimento da Igreja, ao sentir imediatamente a índole extraordinária destas duas figuras de cristãos, muito diversos entre si. O primeiro radicado no catolicismo camponês lombardo do final do século XIX, orientado pela formação romana em terras de fronteira, Papa tradicional e revolucionário; o segundo, fruto maduro e novo de uma fé antiga e provada pelos totalitarismos do século XX, primeiro bispo de Roma não italiano depois de quase meio milênio.

  Todavia, a santidade pessoal de Roncalli e de Wojtyła — sancionada por procedimentos canônicos iniciados por Paulo VI e por Bento XVI mas completados pela decisão do seu sucessor Francisco — tem um significado especial. Com efeito, é a luz do Vaticano II, meio século depois do seu encerramento, que ilumina e une as duas canonizações. E, emblematicamente, as únicas imagens fotográficas que retratam juntos o Papa João XXIII e o jovem bispo auxiliar de Cracóvia são aquelas de uma audiência ao episcopado polaco, precisamente na vigília do concílio. Portanto, a sua santidade inscreve-se no contexto do Vaticano II: Roncalli intuiu-o e com coragem tranquila o inaugurou, e Wojtyła viveu-o apaixonadamente como bispo. Assim, o gesto do seu sucessor Francisco — primeiro bispo de Roma que acolheu com convicção o concílio sem nele ter participado — indica não só a exemplaridade de dois cristãos que se tornaram Papas, mas inclusive o caminho comum, por eles marcado, da renovação e da simpatia pelas mulheres e pelos homens do nosso tempo.


Giovanni Maria Vian – Diretor do L’Osservatore Romano

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.