“Eu sou o bom pastor”. Cristo
pode dizer com propriedade “Eu sou”. Para Ele nada pertence ao passado nem ao
futuro: tudo Nele é presente. É o que Ele diz de Si mesmo no Apocalipse: “Eu
sou o Alfa e o Ômega, Aquele que é, que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso” (Ap 1,
8). E no Êxodo: “Eu sou Aquele que sou. Assim dirás aos filhos de Israel: “'Eu
sou' enviou-me a vós”” (Ex 3, 14).
“Eu sou o bom pastor”. A palavra “pastor” vem
do termo “pastar”. Cristo serve-nos o repasto da Sua carne e do Seu sangue, em
cada dia, no sacramento do altar. Jessé, pai de David, disse a Samuel: “Resta
ainda o [filho] mais novo, que anda a apascentar as ovelhas” (1Sam 16,
11). Também o nosso Davi, pequeno e humilde como um bom pastor, apascenta as
suas ovelhas. [...]
Lemos ainda em Isaías: “É como um pastor que
apascenta o rebanho [...], leva os cordeiros ao colo e faz repousar as ovelhas
que têm crias” (Is 40, 11). [...] Com efeito, ao conduzir o seu rebanho à
pastagem, ou ao regressar de lá, o bom pastor reúne todos os cordeirinhos que
ainda não conseguem andar; toma-os nos braços e leva-os junto ao peito; leva
também as ovelhas que vão dar à luz e as que acabaram de ter os filhos. Assim
faz Jesus Cristo: dia após dia alimenta-nos com os ensinamentos do Evangelho e os
sacramentos da Igreja. Reúne-nos nos Seus braços, estendidos sobre a cruz, “para
congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos” (Jo 11, 52).
Aconchega-nos no seio da Sua misericórdia, como uma mãe aconchega o seu filho.”
(Santo Antônio de Lisboa (c.
1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja)
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