Em primeiro lugar, a Páscoa
supõe um encontro com o Cristo ressuscitado e glorioso, através da Igreja,
através da carne do nosso irmão em quem palpita a vida divina e, finalmente,
através dos sacramentos, onde deixou a sua pegada invisível e presentes
visíveis, que o Cristo Pascal nos deixou para derramar e compartilhar conosco a
vida divina. O cristianismo é justamente o encontro com uma pessoa viva, Jesus
Cristo, quem o Pai ressuscitou vencendo as ataduras do pecado e da morte. Agora
bem, o encontro com Cristo ressuscitado pede de cada um de nós um viver a vida
nova que Cristo ganhou com a sua morte e ressurreição. Vida nova que implica
nos arrepender dos nossos pecados, causantes do sofrimento e da morte de Cristo
Jesus; implica deixar a nossa vida antiga e mundana, como tantas vezes nos pede
o papa Francisco. Este arrependimento nos levará a nos ajoelhar diante do
sacramento da Penitência, onde o sangue de Cristo nos lava, nos santifica e
volta a brilhar em nós a vida nova do Ressuscitado.
Em segundo lugar, esta vida nova nos lança a
uma vida de santidade, que não significa ser imaculados, porém uma luta contra
o pecado na nossa vida. São João na segundo leitura de hoje nos urge para não
pequemos. O pecado ofende a Deus, que ingratidão para com o nosso Pai Deus! O
pecado ofende a Cristo, que pena para o nosso Amigo e Redentor! O pecado ofende
a Igreja, que falta de amor filial! O pecado ofende a nossa dignidade cristã,
que vergonha! Cristo se imolou como vítima de expiação pelos nossos pecados.
Portanto, Ele já destruiu o pecado com a sua morte. O que temos que fazer é
cumprir com amor e por amor os mandamentos de Deus; seguirá dizendo são João na
sua carta. Cumprindo os seus mandamentos e os nossos deveres do próprio estado
estamos demonstrando a vida nova em nós.
Finalmente, não podemos guardar a vida para
nós. Temos que transmitir aos nossos irmãos esta vida nova, para que todos os
que passarem do nosso lado também experimentem os efeitos da vida de Cristo
ressuscitado através de nós, do nosso testemunho e da nossa palavra. Somos
testemunhas diante do mundo de que Cristo vive, de que ressuscitou, de que está
presentes na sua Igreja e em cada um de nós que tratamos de levar uma vida
santa, cheia de caridade e justiça. Assim fez Inácio de Loiola com Francisco Xavier
quando estudavam em Paris. Assim fez José de Anchieta com os índios quando veio
para o Brasil no século XVI. Assim fez João Bosco com esses garotos aos quais
ensinava artes e ciência, e por isso gritava “dai-me almas, Senhor, e tirai-me
o resto”. Assim fez o cura de Ars ao chegar à sua paróquia, depois de anos
abandonada ao pecado e à dissolução de costumes. E assim fazem tantos,
missionários, missionárias, consagrados e laicos convencidos de Cristo, que se
lançam a pregar a mensagem evangélica, para que ninguém fique fora da salvação
trazida por Cristo Jesus, com a sua morte e a sua ressurreição.
Fonte: Comentário sobre a
liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor em Teologia Espiritual, professor
e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo
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