São Pio V nasceu em 1504 em
Bosco, Itália, de nobre família Ghislieri. No santo Batismo deram ao filho o
nome de Miguel. Menino ainda, deu Miguel indício de vocação sacerdotal,
distinguindo-se sempre por uma piedade pouco vulgar. Seguindo a sua inclinação,
entrou na Ordem de S. Domingos, na qual ocupou diversos cargos de Superior.
Igualmente distinto em santidade como em ciência, foi Miguel nomeado
inquisidor, cargo este que desempenhou com grande competência. Muitas cidades e
regiões inteiras lhe devem terem ficado livres da peste de heresia.
Reconhecendo-lhe o valor e os grandes
méritos, o Papa Pio IV conferiu-lhe a dignidade de Bispo e Cardeal da Igreja
Católica. O conclave, reunido por ocasião da morte de Pio IV, elevou-o ao
pontificado. Como Papa, desenvolveu Pio V uma atividade admirável, para o bem
da Igreja de Deus sobre a terra. Foi um pontificado dos mais abençoados.
Exemplaríssimo na vida particular, ardente de zelo pela glória de Deus e a
salvação das almas, possuía Pio V as qualidades necessárias de um grande
reformador.
É impossível resumir em poucas linhas o que
este grande Papa fez, pela defesa da verdadeira fé, pela exterminação das
heresias e pela reforma dos bons costumes na Igreja toda. Incansável mostrou-se
em restabelecer a disciplina eclesiástica, em defender os direitos da Santa Sé,
em remover escândalos, erros e heresias, em particular a causa dos oprimidos e
necessitados. Cumpridor consciencioso do dever, não se fiava na palavra de outros,
quando se tratava do governo de Igreja ou da disciplina. Ele mesmo, em pessoa
se informava, queria ver, ouvir para depois formar opinião própria e resolver
os casos em questão. De máximo rigor usava contra a imoralidade pública;
prostitutas queria ele que fossem enterradas, não no cemitério, mas no
esterquilínio. Deu leis severas contra o jogo e proibiu as touradas, como
contrárias à piedade cristã. Em 1566 publicou o “Catecismo Romano”, obra
importantíssima sobre a doutrina católica. Deve-lhe a Igreja também a
organização oficial e definitiva do Breviário e do Missal.
Não só mandou embaixadores a todas as cortes
cristãs européias, mas, por sua ordem, muitos homens percorreram a França, os
Países Baixos, a Alemanha e a Inglaterra em defesa da fé católica, que
seriamente periclitava, principalmente naqueles países. Infelizmente sua
campanha contra Isabel, rainha da Inglaterra, cuja destronização chegou a decretar
sem podê-la tornar efetiva, causou muitos sofrimentos e perseguições aos
católicas ingleses. A Companhia de Jesus, cuja fundação é contemporânea desse
pontificado, achou em Pio V um grande protetor. Ameaçava grande perigo à
Igreja, como à Europa toda, da parte dos turcos, cujo imperador jurara
exterminar a religião cristã. Pio V envidou todos os esforços, fez valer toda
sua influência junto aos príncipes cristãos para conjurar essa desgraça iminente.
Para obter de Deus que abençoasse as armas cristãs, ordenou que se fizessem, em
toda a parte da cristandade, preces públicas, particularmente o terço,
procissões, penitência. Paralelamente, em 1570, os otomanos, de
notável poderio militar, apoderaram-se do Santo Sepulcro em Jerusalém e não
permitiam a visita dos cristãos. O próprio Papa, em pessoa, tomou
parte nesses exercícios extraordinários, impostos pela extrema necessidade.
Organizou uma Cruzada, cujo comando entregou
a Dom João da Áustria, que era irmão de Carlos V, Imperador
do Sacro Império Romano. Aconteceu a Batalha Naval no Golfo de Lepanto. A
armada turca, com poderio militar que ultrapassava o dobro dos navios dos
cruzados, incidiu ferozmente para destruir os cristãos. Os chefes cruzados ajoelharam
e suplicaram a intercessão de Nossa Senhora. Por intercessão de Maria
Santíssima, foram inspirados pelo Espírito Santo a rezar o Terço como única
forma de enfrentar e vencer o inimigo e assim o fizeram. O êxito foi glorioso.
A vitória dos cristãos em Lepanto (1571) foi completa. As festas de Nossa
Senhora da Vitória e do SS. Rosário perpetuam até hoje a memória daquele
célebre fato. No momento em que a batalha se decidia a favor dos cristãos, teve
o Papa, por revelação divina, conhecimento da vitória e imediatamente convidou
as pessoas presentes a dar graças a Deus. Era seu plano organizar uma nova
campanha contra os turcos, mas uma doença dolorosa não lho permitiu pô-la em
execução. A doença era o prenúncio da morte, para a qual Pio se
preparou com o maior cuidado. Quando as dores ( causadas por cálculos renais)
chegavam ao auge, exclamava o doente: “Senhor! aumentai a dor e dai-me
paciência!”. Mandou que lhe lessem trechos da Sagrada Paixão e Morte de Nosso
Senhor, e continuamente se confortava com a citação de versos bíblicos e
jaculatórias, até que a morte lhe pôs termo à vida, tão rica em trabalhos,
sofrimentos e glórias. Antes, porém, havia instituído, como agradecimento pela
vitória em Lepanto, a festa de Nossa Senhora das Vitórias. (Dois anos mais
tarde, o Papa Gregório XIII, seu sucessor, lembrando que a vitória de Lepanto
foi mais uma vitória do Rosário, mudou o nome da festa para Nossa Senhora do
Rosário).
Pio V morreu em 15 de maio de 1572, tendo seu
pontificado durado seis anos e três meses. Não há virtude que este grande
Papa não tenha exercitado. Todos os dias celebrava ou ouvia a Santa Missa, com
o maior recolhimento. Terníssima devoção tinha a Jesus Crucificado. Todas as
orações fazia aos pés do Crucificado, os quais inúmeras vezes beijava. Pio V
foi canonizado por Clemente XI. O corpo descansa na Igreja de Santa Maria
Maggiore.
Fonte: Página Oriente
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