É importante que pensemos
sobre o nosso futuro, sobre o que vamos fazer da nossa vida, sobre o que
devemos escolher. No entanto, o ser humano busca não apenas isto, mas a certeza
do que poderá acontecer a ele diante desta ou daquela escolha. Muitos são
aqueles que recorrem à astrologia, aos videntes, à numerologia, etc. Será que
estes meios são lícitos para um cristão? Será que realmente eles trazem a
resposta às nossas indagações?
Muitas pessoas buscam viver com certezas,
exatidões. A vida, como dizia o poeta “não é precisa”; podemos e devemos sim
nos prepararmos, nos organizarmos, mas sempre haverá abertura à falha, ao
imprevisível. Quem já não passou por isso? Não se pode buscar meios mágicos ou
até semi científicos como uma espécie de antídoto contra o medo do futuro. Estas diversas práticas são crenças que, baseando-se em dados mais ou menos
científicos ou na pura possibilidade, dão interpretações que não são racionais.
A astronomia, por
exemplo, é uma disciplina científica; a astrologia é uma superstição, até mesmo
uma fraude: os dados que ela utiliza tradicionalmente deverão ser provados, uma
vez que se sabe que há dois séculos se descobriram 3 novos planetas no sistemas
solar (Urano, Netuno, Plutão). Sabemos também que a posição dos signos do
zodíaco varia pouco a pouco relativamente ao eixo da Terra. Daqui resulta que a
astrologia se baseia em dados que, cientificamente, não são fidedignos. Que
crédito devemos dar então às interpretações que ela propõe para um mapa astral,
por exemplo? O fato de interpretar coloca em si mesmo um problema: toda a
interpretação se faz em função de um referencial. Ora sabemos que existem
várias escolas, interpretando os dados astrológicos de maneiras diferentes; por
que razão dar mais crédito a uma e não escolher a outra? Podemos mesmo
desconfiar que a interpretação se aproxima da adivinhação... Quais são seus
objetivos?
Poderemos ainda dizer
que as previsões da astrologia acertam com relação a esta ou aquela pessoa...
Num número considerável de "previsões", não é inconcebível que uma ou
outra deem certo, por acaso; e não é inconcebível que a pessoa que consultou o
"vidente" tenha ficado fascinada, fechada no que lhe foi dito. Não
esqueçamos também que os que consultamos podem ser capazes, ao observar um
"cliente", de diagnosticar as suas angústias, as suas esperanças e
mesmo alguns traços importantes da sua personalidade: não se trata de vidência,
simplesmente de um pouco de psicologia ...
O que haverá de mais
normal do que tomar o nosso futuro em consideração? Mas o medo do amanhã poderá
justificar a crença nas superstições ou a renúncia à nossa liberdade?
Fatalismos e pseudodeterminismos bloqueiam a nossa liberdade. É compreensível
que quando não se sabe a razão da existência, haja medo do amanhã; mas em vez
de perdermos tempo com questões secundárias, não valerá mais a pena colocar as
verdadeiras questões, as únicas que nos permitirão avançar? Trabalhar e seguir
adiante, nas mãos de Deus, confiar-se em sua Divina Providência.
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