Na Exortação
apostólica Familiaris Consortio, o Santo Padre, o Papa João Paulo
II, depois de analisar a situação em que se encontra a Família no mundo de
hoje, propôs algumas oportunas e belas reflexões sobre o que Deus teve em mente
ao instituir o Matrimônio. Vamos considerá-las rapidamente.
Para o amor: "Deus que
criou os homens por amor, criou-os para o amor", diz o Papa (n° 11). Não,
porém para o amor isolado, individualista, voltado para a própria pessoa. Seria
o egoísmo. Mas para o amor comunicativo, capaz de se abrir aos outros. Segundo
o plano divino, a Família é a primeira e fundamental expressão deste amor e,
como a melhor manifestação do amor é a doação, na Família todos se doam
reciprocamente; os esposos entre si, os pais aos filhos, os filhos aos pais, os
irmãos uns aos outros. Nessa doação de todos é que está a comunhão, ou união
comum de vida e de amor.
Semelhança da Trindade: A
Família, aliás, retrata em si o que acontece no próprio Deus em que o Pai se dá
totalmente ao Filho e em que o Espírito Santo é o amor, ou doação substancial
de ambos. "Deus é o amor e vive em Si mesmo um mistério de comunhão
pessoal de amor"(idem).
Doação definitiva e total:
Para espelhar dignamente a perfeição de Deus, a doação recíproca dos esposos
deve ser definitiva e, por isso indissolúvel; deve ser total e, por isso,
doação não só da sexualidade mas das próprias pessoas. "A doação física
total seria falsa se não fosse sinal e fruto da doação pessoal, na qual toda a
pessoa, mesmo na sua dimensão temporal, está presente; se a pessoa se
reservasse alguma coisa ou a possibilidade de decidir de modo diferente para o
futuro, só por isto já não se doaria totalmente". A doação é total também
ao que diz respeito à transmissão da vida. Que são os filhos afinal senão a
doação comum e completa dos pais? "Na sua realidade mais profunda, o amor
é essencialmente dom, e o amor conjugal enquanto conduz os esposos a se doarem
reciprocamente tornando-se uma só carne", não se esgota no interior do
próprio casal, já que os habilita para a máxima doação possível, pela qual se
tornam cooperadores com Deus no dom da vida a uma nova pessoa humana. Deste
modo os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam, para além de si mesmos, a
realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade
conjugal e síntese viva e indissociável de seus pais (n°14).
Sinal da Igreja: Esta
comunhão de amor, tão íntima e tão perfeita, que é o Matrimônio, Deus assumiu
como sinal e figura do seu amor pelos homens. Realmente Ele os amou tanto que,
vindo-lhes ao encontro para doar-se totalmente, fez-se igual e se uniu a eles
no mistério da Encarnação e da Redenção. "A comunhão entre Deus e os
homens encontra o seu definitivo cumprimento em Jesus Cristo, o Esposo que ama
e se doa como Salvador da humanidade, unindo-a a Si como seu corpo" (n°13).
Grande Sacramento: Nesta
ordem de considerações, percebe-se porque Jesus cristo, elevando o Matrimônio à
dignidade de Sacramento, concede aos esposos cristãos a graça de participarem do
amor que Ele mesmo tem pela sua Igreja. "Os esposos, portanto, são para a
Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a cruz, são um para
o outro, e para os filhos testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz
participar" (n°13).
Igreja Doméstica:
Maravilhosas as riquezas espirituais do Matrimônio cristão! Nele se encontra
não apenas a comunhão do amor que gera a família, mas a comunhão vital do amor
de Cristo pela Igreja que santifica os esposos e os faz capazes de santificar
os filhos. "Igreja Doméstica" no dizer do Concílio, dispondo de todos
os subsídios da Graça Sacramental; é necessário que "os pais sejam para os
filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé" (Lumen
Gentium,11)
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