Não
caia, portanto, na cilada da falsa autenticidade. Amar é querer bem (o bem, o
que é bom), custe o que custar. Por isso, cito novamente o livro
“Caminho": "Dizes que sim, que queres. – Está bem. - Mas queres
como um avarento quer o seu ouro, como a mãe quer ao seu filho, como um
ambicioso quer as honras, ou como um pobre sensual quer o seu prazer? – Não?
Então não o queres"...
Pense um pouco nos sacrifícios que é capaz de
fazer, nos compromissos a que não falta de jeito nenhum, nas despesas que não
mede aquele que quer mesmo ficar rico, ou ganhar uma posição política
elevada, ou satisfazer um prazer que o traz alucinado… Então? Deus não merece
mais? Se medita nisso, compreenderá a grande importância de ter e seguir um
plano de vida espiritual, definindo-o bem claramente, talvez até por escrito na
sua agenda, e ficará precavido contra os “grandes inimigos” do plano de vida
espiritual:
a) Os
sentimentalismo egoísta e a autenticidade falsa, já mencionados;
b) O engano perigosíssimo de quem diz a si mesmo: “agora, na hora prevista
no plano para a oração, não vou fazer; faço depois”. Quase sempre, esse
“depois” não existe. É muito melhor, quando se prevê dificuldade, fazê-lo antes,
ou seja, adiantar uma prática, se você prevê que não a poderá cumprir no
horário previsto. São Josemaria Escrivá dizia, meio brincando e muito a sério,
que os grandes inimigos da alma são: “amanhã, depois, achei que, pensei que”…
Quer dizer, as desculpas, que continuam sendo falsas desculpas por mais que
queiramos justificá-las. Quase sempre, o momento em que Deus nos concede mais
graça é precisamente o “mau momento”, aquela hora em que nos custa cumprir o
nosso compromisso de fé e amor a Deus, e, mesmo assim, nós vencemos e o
cumprimos;
c) Também
é um inimigo o desânimo de achar que não serve de nada cumprir fielmente o
plano, ao vermos que, por mais que o cumpramos não melhoramos como pensávamos.
Creio que basta outro ponto de "Caminho" para responder a isso:
"Quantos anos comungando diariamente! Qualquer outro seria santo, –
disseste-me, - e eu, sempre na mesma! -Meu filho, – respondi-te, - continua com
a Comunhão diária e pensa: "que seria de mim se não tivesse
comungado?".
Se tiver oportunidade de ler a vida de Santa
Teresa de Ávila, mulher admirável, forte, dinâmica e empreendedora, que era ao
mesmo tempo uma alma mística, de elevadíssima oração, verá como a santa conta
que as horas de oração que lhe trouxeram mais proveito espiritual foram aquelas
(muitas!), em que se sentia incapaz de pensar e de sentir na Capela, mas
perseverava nos seus horários de oração, entregando-se assim humildemente nas
Mãos de Deus.
Pe.
Francisco Faus
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