A
Mãe do Verbo Divino está sempre do nosso lado, tanto nos momentos de
resplendente felicidade, como nas ocasiões em que aparentemente a luz nos
abandonou. Convido-o por alguns momentos, caro leitor, a abstrairmos do
ambiente que nos circunda e irmos juntos acompanhar um viajante perdido à
noite, no deserto.
Longe de qualquer penumbra de luz elétrica ou
natural, segue ele afanosamente o caminho indicado pela bússola. Já sem
alimento, a única reserva que possui em seu cantil é um gole de água quente,
que o Sol não ignorou durante o dia. Até o ponteiro do seu relógio parou de
funcionar! E quanto mais ele obedece ao rumo marcado pela agulha, mais lhe
parece estar aquele instrumento desnorteado.
Sumido no negrume triste e ameaçador, o que
não temer? Nosso viajante para por um instante, procurando cobrar alento e não
perder a calma. De súbito, o vento sopra, as nuvens se abrem e surge a Lua,
rainha da noite. A alma inquieta do viajante se amaina e seu espírito recobra a
tranquilidade, pois o espargir da luz que há pouco vira nascer faz claro o
caminho e lhe dá segurança.
Doce consolo na desolação da noite foi esse
belo astro, louvado sem cessar pelos poetas e cultuado por muitos povos da
Antiguidade. Porém, entre tantas predileções, nada o enaltece mais do que
simbolizar a Virgem Santíssima, formosa como a Lua, que guia os peregrinos
neste vale de lágrimas rumo ao Sol de Justiça que A ilumina. Precedendo Nosso
Senhor Jesus Cristo, quis o Pai que outra luz prenunciasse o dia da salvação. E
assim como a claridade da Lua prepara os olhos dos homens para poderem fitar o
fulgor do Sol, surgiu Maria, na noite dos tempos, rasgando as trevas do pecado
e anunciando o resplendor da graça que em breve ia reinar no meio de nós.
Mãe do Verbo Divino e Mãe nossa, Ela nos
acompanha sempre, tanto nos momentos de radiante felicidade, como nas ocasiões
em que aparentemente a luz nos abandonou. E ainda que o céu se apresente
coberto por negras nuvens, anunciando provações e desastres, esta boníssima Mãe
não deixa de permanecer ao nosso lado, afável, indulgente e serena,
perpetuamente propensa a nos ajudar. Saibamos viver à procura dessa claridade
que torna doces os percursos mais áridos. Nas noites obscuras, jamais nos
permitamos um sentimento de desconfiança para com Ela, mas vivamos, pelo
contrário, em busca dessa luz prenunciadora do Sol rutilante que logo vai
nascer. E saibamos a Ela recorrer, dizendo: "Ó minha Mãe, Medianeira de
todas as graças, na vossa luz veremos a luz. Mãe, antes ficar cego do que
deixar de ver vossa luz, porque vê-la é viver. Na sua claridade contemplaremos
todas as luzes; e sem ela nenhuma luz refulge. Não considerarei vida os
momentos em que ela não brilhar; e eu, da vida, não quererei ter mais nada do
que a mente banhada por essa luz.
"Ó luz!, eu vos seguirei custe o que
custar: pelos vales, montes, desertos, e ilhas; pelas torturas, pelos abandonos
e olvidos; pelas perseguições e tentações, pelos infortúnios, pelas alegrias e
triunfos. Eu vos seguirei de tal maneira que, mesmo no fastígio da glória, não
me incomodarei com ela, porque só me preocuparei convosco. "Eu vos vi, e
até o Céu não desejarei outra coisa, porque, uma vez, vos contemplei!".
Por
Fahima Spielmann
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