“Jesus
caminhava à frente deles” (Mc 10, 32).
Também neste momento Jesus caminha à nossa
frente. Ele está sempre à nossa frente. Precede-nos e abre-nos o caminho... E
esta é a nossa confiança e a nossa alegria: ser seus discípulos, estar com Ele,
caminhar atrás d’Ele, segui-Lo... Quando concelebramos juntos a primeira santa
Missa na Capela Sistina, “caminhar” foi a primeira palavra que o Senhor nos
propôs: caminhar e, em seguida, construir e confessar. Hoje volta aquela palavra,
mas como um ato, como a ação de Jesus que continua: “Jesus caminhava…” Isto é
uma coisa que impressiona nos Evangelhos: Jesus caminha muito e instrui os seus
discípulos ao longo do caminho. Isto é importante. Jesus não veio para ensinar
uma filosofia, uma ideologia... mas um “caminho”, uma estrada que se deve
percorrer com Ele; e aprende-se a estrada, percorrendo-a, caminhando. Sim,
queridos Irmãos, esta é a nossa alegria: caminhar com Jesus.
Mas, isso não é fácil, não é cômodo, porque a
estrada que Jesus escolhe é o caminho da cruz. Enquanto estão a caminho, fala
aos seus discípulos do que Lhe acontecerá em Jerusalém: preanuncia a sua
paixão, morte e ressurreição. E eles ficam “surpreendidos” e “cheios de medo”.
Surpreendidos, sem dúvida, porque, para eles, subir a Jerusalém significava
participar no triunfo do Messias, na sua vitória – como se vê em seguida pelo
pedido de Tiago e João; e cheios de medo, por causa daquilo que Jesus haveria de
sofrer e que se arriscavam a sofrer eles também. Mas nós, ao contrário dos
discípulos de então, sabemos que Jesus venceu e não deveríamos ter medo da
Cruz; antes, é na Cruz que temos posta a nossa esperança. E, contudo, sendo
também nós humanos, pecadores, estamos sujeitos à tentação de pensar à maneira
dos homens e não de Deus.
E quando se pensa de maneira mundana, qual é
a consequência? “Os outros dez indignaram-se com Tiago e João” (cf. Mc 10, 41).
Indignaram-se. Se prevalece a mentalidade do mundo, sobrevêm as rivalidades, as
invejas, as facções… Assim, esta palavra que o Senhor nos dirige hoje, é muito
salutar! Purifica-nos interiormente, ilumina as nossas consciências e ajuda a
sintonizarmo-nos plenamente com Jesus; e a fazê-lo juntos, no momento em que
aumenta o Colégio Cardinalício com a entrada de novos Membros. Então «Jesus
chamou-os...» (Mc 10, 42). Aqui temos o outro gesto do Senhor. Ao longo do
caminho, dá-Se conta que há necessidade de falar aos Doze, pára e chama-os para
junto de Si. Irmãos, deixemos que o Senhor Jesus nos chame para junto de Si!
Deixemo-nos “con-vocar” por Ele. E ouçamo-Lo, com a alegria de acolhermos
juntos a sua Palavra, de nos deixarmos instruir por ela e pelo Espírito Santo
para, ao redor de Jesus, nos tornarmos cada vez mais um só coração e uma só
alma.
E, enquanto nos encontramos assim convocados
pelo nosso único Mestre, “chamados para junto d’Ele”, também eu vos digo aquilo
de que a Igreja precisa: precisa de vós, da vossa colaboração e, antes disso,
da vossa comunhão, comunhão comigo e entre vós. A Igreja precisa da vossa
coragem, para anunciar o Evangelho a tempo e fora de tempo, e para dar
testemunho da verdade. A Igreja precisa da vossa oração pelo bom caminho do
rebanho de Cristo; oração que é, juntamente com o anúncio da Palavra, a
primeira tarefa do Bispo. A Igreja precisa da vossa compaixão, sobretudo neste
momento de tribulação e sofrimento em tantos países do mundo. Queremos exprimir
a nossa proximidade espiritual às comunidades eclesiais e a todos os cristãos
que sofrem discriminações e perseguições. A Igreja precisa da nossa oração em
favor deles, para que sejam fortes na fé e saibam reagir ao mal com o bem. E
esta nossa oração estende-se a todo o homem e mulher que sofre injustiça por
causa das suas convicções religiosas. A Igreja precisa de nós também como
homens de paz, precisa que façamos a paz com as nossas obras, os nossos
desejos, as nossas orações: por isso invocamos a paz e a reconciliação para os
povos que, nestes tempos, vivem provados pela violência e a guerra.
Obrigado, Irmãos muito amados! Caminhemos
juntos atrás do Senhor e deixemo-nos cada vez mais convocar por Ele, no meio do
povo fiel, da Santa Mãe Igreja.
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