O
Papa Emérito Bento XVI negou que tivesse sido forçado a tomar a decisão de há
um ano em resignar ao pontificado. Naquela que é uma das raras declarações que
fez desde que deixou o ministério petrino, Bento XVI considerou “absurdas” as
recentes especulações de que na origem do seu afastamento tenham estado outras
razões que não as apresentadas pelo próprio Papa em fevereiro de 2013: “Depois
de ter examinado repetidamente a minha consciência perante Deus, cheguei à
conclusão de que as minhas forças, devido a uma idade avançada, não são capazes
de um adequado exercício do ministério de Pedro", disse Bento XVI a 11 de
Fevereiro no ano passado, no discurso em que anunciou a resignação que se efetivou
17 dias depois, a 28 de fevereiro de 2013. Duas semanas depois, o argentino Jorge Bergoglio era
eleito o seu sucessor.
Esta foi a primeira vez em 600 anos que um
Papa resignou ao cargo. Antes de Joseph Ratzinger, apenas Celestino V, em 1294,
e Gregório XII, em 1415, tomaram a mesma decisão. Um ano depois do discurso
de resignação voltaram a surgir especulações de que Bento XVI, de 86
anos, teria sofrido outras pressões para sair do cargo. O jornal italiano “Libero” noticiou
que o antecessor de Francisco teria sido forçado a sair devido a escândalos no
Vaticano. Antes do Libero, a imprensa italiana já tinha escrito sobre o
tema, indicando como possíveis causas para a saída a tentativa de
desacreditação de Bento XVI por
alguns prelados após a detenção do mordomo de Bento XVI, em 2012, por ter
divulgado documentos confidenciais sobre a existência de corrupção no interior
do Vaticano.
O site “Vatican Insider” pediu a
Bento XVI um comentário sobre as mais recentes alegações e nesta quarta-feira o
site publicou as respostas do agora Papa emérito. “Não há dúvida alguma quanto
à validade da minha resignação do ministério de Pedro”. Bento XVI considera que
qualquer especulação a argumentar o contrário é “simplesmente absurda”. Ainda
ao mesmo site, o Papa emérito explicou a razão que o leva a continuar a
vestir-se de branco e a utilizar o nome Bento XVI. “Continuo a usar o hábito
branco e mantenho o nome Bento puramente por razões práticas. No momento da
renúncia, não havia outras roupas à disposição. Além disso, uso o hábito branco
de uma forma claramente distinta da do Papa. Este é outro caso de uma
especulação completamente infundada”.
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