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sábado, 6 de dezembro de 2014

A finalidade do Tempo do Advento


  A finalidade do Advento é preparar os fiéis para o grande acontecimento do Nascimento do Salvador. Liturgicamente, além da memória do nascimento histórico de Jesus Cristo, o Advento significa outra dúplice vinda d’Ele: seu nascimento em nossas almas mediante a graça e sua vinda na consumação dos tempos para julgar toda a humanidade. Assim considerado, o Advento representa os tempos pré-messiânicos, durante os quais o povo de Deus esperava a sua libertação pelo Redentor vindouro; representa a misteriosa ação da graça que forma a nossa alma à imagem e semelhança de Cristo, inserindo-nos vitalmente n’Ele, como os membros do mesmo corpo à cabeça; e representa, finalmente, os séculos que devem passar até quando o Cristo virá em todo Seu poder para julgar os vivos e os mortos.

  Os sentimentos que devem inspirar nossa piedade durante o Advento são:

1° Penitência, porque, segundo a pregação de João Batista, é necessário neste tempo sagrado que produzamos “frutos de verdadeira penitência (...) toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo”[1].

2° Recolhimento interior, porque há “uma voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor”[2]: oras, para ouvir os acentos salutares desta voz, é necessário que, voltados à séria consideração de nossa vida, fechemos o ouvido ao barulho do mundo e, no silêncio da erudição, nas solenidades do culto, recolhamos os frutos do Espírito que nos fala das profundezas da alma;

3° Desejo ardente do Senhor, porque Ele é o “Sol nascente que resplandecerá do alto para (...) iluminar os que estão nas trevas, na sombra da morte, e guiar nossos passos no caminho da paz”[3].

  A Igreja nos dá o exemplo: em sua liturgia se ouve um brado contínuo, intenso e crescente que invoca o Cristo, a Sabedoria do Altíssimo, que deve vir para ensinar o caminho da santidade; o Líder de Israel, que deve vir para libertar o seu povo; o Filho de Jessé, que deve abrir o cárcere tenebroso do pecado; o Rei das gentes, que deve fundar o Reino universal da caridade; o Emanuel, o Deus conosco, que deve vir a habitar com seus irmãos para elevá-los à dignidade de filhinhos de Deus, com a efusão de seu amor.

Fonte: Abade Emanuele Caronti O.S.B. in “O Messale festivo per i fedeli”, ed. L.I.C.E., Torino 1932, pp. 73-74.


[1] NdTª: Mateus, 3,8 e 10.
[2] NdTª: Mateus, 3,3.

[3] NdTª: Lucas, 1,78-79.

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