Não sei se é Isaías, esse
enamorado que grita esperança, esse louco que percorre vales e colinas, coxo e
cego, rodeado de animais que convivem em paz, rodeado de cores e de sensações;
poeta do futuro que vai dando beleza ao que vê, que enche de Presença,
inclusive – ou sobretudo – o mais doloroso. Isaías ensina-me a viver-te, jovem Advento. Ensina-me a gritar esperança no
sofrimento, a confiar em tempos melhores, a provocá-los. Este homem tão
sensível diz-me que hei de ser eu a dar cor à minha volta; e que Deus é um
tronco fumegante que me abrasa a vida. Isaías ensina-me a viver enamorado,
gerando paz.
Talvez seja João, o Batista, o do dedo que
indica caminho novo e o Novo. Sim, João, o parente austero, metódico e que se
entregue, que pergunta sem rodeios (És tu O que há de vir ou temos de esperar
outro?), o impaciente. João, o crente, enamorado pelo mistério sanador e
salvador da Água, o que, grão a grão, constrói um deserto a partir de onde
grita verdades. João também é um bom mestre, porque me recorda que se pode
viver com muito pouco, que a qualidade de vida é dada pela relação com Deus e
não pelas peles que me cobrem (mesmo que sejam de camelo). João anima-me
simplesmente a viver e a gritar sempre, sempre, sempre, que o Reino de Deus
está próximo, tão próximo, que o temos agarradinho à alma.
Não sei, querido Advento, não sei o que é que
tu tens que me pareces a coisa mais bela que foi criada, tão tranquilo, tão
sussurrante, como um discreto manancial que, em silêncio, vai salpicando de
verdura tudo à sua volta. Será Maria? Sim, talvez seja ela. A mulher
bendita e abençoada de Nazaré, a do anúncio insuspeito que se converterá em
suspeito, a do “sim, quero”. Maria é uma mulher MUITO interessante, Advento
querido: com destino a Belém, preocupada com um Menino no Templo de Jerusalém e
desolada depois por um Homem na mesma cidade; Maria e o seu “mindfulness” nas
bodas de Caná, ou o seu sentido comunitário com os discípulos... recebendo, de
novo, a “Ruah” Santa. Maria, filha de Sião.
Diante de Maria, mestra, inclino-me admirado,
porque ela, que pronunciou poucas palavras (embora tenha cantado verdades sem
tremor na voz), em contrapartida gerou a Palavra; e fê-lo conscientemente,
interpelando o anjo, duvidando e suspeitando, até que o coração deu uns
toquezinhos de inteligência à mente e ambos se puseram de acordo no sim. Maria
ensina-me a ser generosa e a entregar-me totalmente até ao cansaço,
atravessando incompreensões e murmurações. Maria diz-me que, agora já que estás
aqui, Advento, o meu coração há de ser grande para poder guardar nele todas as
coisas em silêncio.
Não faço ideia, Advento, não sei porque é que
gosto tanto de ti, se é porque me convidas a sonhar ou porque me desafias a
viver desperta.
Enfim, não perco mais tempo, gosto da tua humilde presença, da tua maior ou menor duração de acordo com o que é necessário até ao Natal, de seres anúncio de algo bom, de ti... de tudo em ti. E contigo... o melhor está para chegar, querido Advento. Continuamos juntos. Obrigado por teres vindo. Um grande abraço.
Enfim, não perco mais tempo, gosto da tua humilde presença, da tua maior ou menor duração de acordo com o que é necessário até ao Natal, de seres anúncio de algo bom, de ti... de tudo em ti. E contigo... o melhor está para chegar, querido Advento. Continuamos juntos. Obrigado por teres vindo. Um grande abraço.
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