Desde muito cedo Teresa
Martin iniciou sua devoção ao Menino Jesus. Aos seis anos e meio, começa
a se preparar para a primeira comunhão, sendo catequizada por sua irmã Paulina.
Graças a esta catequese, o amor ao Menino Jesus vai aumentando em seu coração.
Ao falar deste período, nossa santa afirma que "amava-o muito" (A
31v). Não é, pois, de se estranhar que à época de seu primeiro chamado à vida
carmelitana, tenha aceitado com entusiasmo a proposta de Madre Gonzaga de se
chamar "Teresa do Menino Jesus" quando ingressasse no Carmelo. Após
prepará-la para a primeira comunhão, Paulina, já Irmã Inês de Jesus no Carmelo
de Lisieux, convida a menina a considerar sua alma como um jardim de delícias
no qual é preciso cultivar as flores de virtudes que Jesus virá colher em sua
primeira visita.
No ano de 1887 se oferece ao Menino Jesus
para ser seu brinquedo (A 64r), desejando abandonar-se sem reservas à sua
misericórdia. Isto ocorre por ocasião da célebre audiência com o papa Leão
XIII. Teresa esperava que o papa autorizasse sua entrada imediata no Carmelo,
apesar da pouca idade. Enorme decepção! Recebe palavras ternas e não a resposta
desejada. Por isso não fica perturbada. Não havia se oferecido para ser a
"bolinha" de Jesus e não dissera que ele poderia fazer o que quisesse
com ela?
A partir do dia 9 de abril de 1888, data de
seu ingresso no Carmelo de Lisieux, Teresa pode, finalmente, realizar seu sonho
de menina: assina suas cartas durante todo o postulantado como "Teresa do
Menino Jesus" (Ct 46-79). No dia 10 de janeiro de 1889, dia em que recebe
o hábito, assinará pela primeira vez "Irmã Teresa do Menino Jesus e da
Santa Face", que será seu nome definitivo de Carmelita (Ct 80). Quando
entra na clausura, a primeira coisa que lhe chama a atenção é o sorriso de seu
"Menino cor de rosa" (A 72v), que a acolhe. Ela se encarregará de
colocar-lhe flores desde a Natividade de Maria: "era a Virgenzinha
recém-nascida que apresentava sua florzinha ao Menino Jesus". (A 77r).
Teresa dedica muitas poesias, recreações
piedosas e orações ao Menino Jesus, ao mistério do Natal e aos primeiros anos
da infância de Cristo. No dia 21 de janeiro de 1894 cria e oferece à Madre
Inês, em sua primeira festa como priora, uma pintura a óleo do Menino Jesus, a
que intitula como "O sonho do Menino Jesus". Este quadro mostra o
Menino Jesus de olhos abaixados, brincando com as flores que lhe são
oferecidas. Ao fundo aparece sob a claridade da lua a Sagrada Face debaixo da
cruz e cerca dos instrumentos da paixão. Em uma carta enviada no mesmo dia (Ct
156), Teresa comenta seu quadro: longe de temer os sofrimentos futuros, o
Menino Jesus conserva um olhar sereno e até sorri, pois sabe que sua esposa
(Irmã Inês) permanecerá sempre ao seu lado para amá-lo e consolá-lo. Quanto aos
olhos baixos, estes mostram sua atitude quanto à própria Teresa: "Ele está
quase sempre dormindo". Neste último detalhe já vislumbramos uma
prefiguração da grande prova de fé que irá acompanhá-la em seus últimos dias.
Nos finais de 1894, a jovem carmelita
descobre sua "Pequena Via". A infância espiritual do cristão, feita
de confiança e abandono, deverá se moldar na própria infância de Jesus, em seu
caráter de Filho, tão particularmente representado nos traços de sua
infância. No dia 7 de junho de 1897, Teresa se deixa fotografar, tendo nas mãos
as estampas do Menino Jesus e da Sagrada Face. Sobre a imagem do Menino Jesus,
conhecido como "de Messina", Teresa copia o versículo de Pr 9,4:
"Quem for pequenino, venha a mim".
Fonte: Santuário de Santa
Teresinha
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