O pecado ocorre quando se
diz não à vontade de Deus. Essa recusa ao projeto de amor do Pai celeste para
conosco pode ser grave ou leve. Daí falarmos em pecado mortal (grave) ou venial
(leve). O pecado mortal se dá quando são preenchidas três condições: 1) A
matéria é grave, importante; 2) Há conhecimento de causa da parte do pecador;
3) Existe vontade deliberada de errar. Chama-se mortal porque leva à morte da
graça no pecador e, consequentemente, à perda da vida eterna no céu. O pecado
venial ou leve ocorre quando falta algum dos três itens atrás mencionados.
Para receber o perdão dos pecados mortais,
devemos recorrer ao Sacramento da Confissão (também chamado de Reconciliação ou
Penitência) como meio ordinário. Já para obter o perdão dos pecados leves,
basta um ato de contrição bem rezado, uma obra de caridade bem feita, o ato
penitencial da Santa Missa etc. Feita esta importante definição é preciso dizer
que não parece pequeno o número de católicos em estado de pecado grave nas
eleições deste ano. Afinal, se grande parte dos brasileiros se diz cristã e
contrária ao aborto, de onde saem os votos para os partidos abortistas e que
conspiram contra a família?
A resposta: tais votos só podem vir, em boa
parte, de pessoas batizadas que, não raras vezes, estão nas Missas dominicais
ou até diárias, mas menosprezam a moral católica filiando-se ou votando em
candidatos de partidos cujos programas defendem o aborto e a união de pessoas do
mesmo sexo, por exemplo. Portanto, se sabem que os programas desses partidos
atentam contra a vida humana inocente e indefesa e contra a família natural,
cometem pecado grave ao se filiarem, ao apoiarem com propagandas ou ao darem o
seu voto a candidatos de tais partidos, independentemente de quem sejam esses
candidatos.
Sim, pois se o cristão vota nesses partidos,
consciente do que eles defendem, comete pecado grave, porque coopera
deliberadamente com um pecado grave. O Catecismo da Igreja Católica (n.
1868) ensina o seguinte sobre essa cooperação com o pecado de outra pessoa: “O
pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados
cometidos por outros, quando neles cooperamos: participando neles direta e
voluntariamente; mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados;
não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; protegendo
os que fazem o mal.”
Ora, quem vota em um partido abortista e
contrário à família, de fato, aprova, ou seja, contribui com seu voto para que
possa ser praticado o que constitui um pecado grave. Daí a Congregação para a
Doutrina da Fé ter publicado, em 24 de novembro de 2002, uma Nota Doutrinal
sobre questões relativas à participação e o comportamento de católicos na vida
política na qual se lê que “a consciência cristã bem formada não permite a
ninguém favorecer, com o próprio voto, a atuação de um programa político ou de
uma só lei, onde todos os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam
subvertidos” (n. 4).
O católico que se filia, apoia ou vota em um
partido que tem um programa contrário à fé e à moral católica é incoerente. Um
verdadeiro corintiano não pode filiar-se à Mancha Verde, torcida do Palmeiras,
e nem um palmeirense de verdade pode se associar a Gaviões da Fiel, torcida
corintiana. Seria o cúmulo do absurdo. Ora, se em questão de futebol isso é,
por simples coerência consigo mesmo, levado tão a sério, por que com Deus e a
Igreja é diferente?
A moral católica não se assemelha a um
supermercado no qual a pessoa escolhe o que a agrada e deixa o que a desagrada
na prateleira, mas, ao contrário, ela leva o fiel a assumir por inteiro, com a
graça de Deus, o que é útil à sua salvação eterna. Afinal, não podemos nos
afastar do Senhor Jesus, mesmo quando a sua mensagem nos parece dura, pois só
Ele tem palavras de vida eterna (cf. João 6,60-69).
Fonte: Portal Zenit
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.