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sábado, 18 de janeiro de 2014

A liturgia bem celebrada é uma ótima evangelização



  Antes que possamos esperar frutos eficazes e duradouros da nova evangelização, é preciso, primeiro, que se instaure no interior da Igreja um processo de conversão. Como podemos nós fazer apelo aos outros para que se convertam, enquanto, entre os apelantes, ainda não se viu uma conversão para Deus convincente, já que na liturgia eles ainda não se voltaram suficientemente para Deus, tanto interior como exteriormente. Celebra-se o sacrifício da missa, o sacrifício da adoração de Cristo, o maior dos mistérios da fé, o ato de adoração mais sublime, num círculo fechado enquanto as pessoas olham umas para as outras.

  Falta, mesmo exterior e fisicamente, a necessária “conversio ad Dominum” (conversão ao Senhor). Isto porque durante a liturgia se trata Cristo como se ele não fosse Deus, e não se lhe manifesta claros sinais exteriores daquela adoração que é devida só a Deus, o que se vê no fato de os fiéis receberem a sagrada comunhão de pé, e, mais ainda, tomando-a com as próprias mãos como se fosse um alimento ordinário, agarrando-a com os próprios dedos e metendo-a por si mesmos na própria boca. Há nisto o risco de uma espécie de arianismo ou de semi-arianismo eucarístico.

  Uma das condições necessárias para uma nova evangelização frutuosa seria o seguinte testemunho por parte de toda a Igreja no âmbito do culto litúrgico público, observando pelo menos estes dois aspetos do culto divino:

1) Que por toda a terra, a Santa Missa seja celebrada, mesmo na forma ordinária, em “conversio ad Dominum”, interiormente e também, necessariamente, exteriormente.

2) Que os fiéis dobrem o joelho diante de Cristo no momento da sagrada comunhão, como pede São Paulo quando se evoca o nome e a pessoa de Cristo (cf. Fl. 2, 10), e que eles O recebam com o maior amor e respeito que for possível, como Lhe convém enquanto verdadeiro Deus.

  Com duas medidas concretas, o Papa emérito Bento XVI encetou, Deus seja louvado, o processo de regresso do exílio litúrgico de Avinhão, isto é, com o Motu proprio Summorum pontificum e com a reintrodução do rito da comunhão tradicional. São ainda necessárias muitas orações e, talvez, uma nova Santa Catarina de Siena, para que os outros passos se sigam, de maneira a que sejam curadas as cinco chagas abertas sobre o corpo litúrgico e místico da Igreja e para que Deus seja venerado na liturgia com aquele amor, aquele respeito e aquele sentido do sublime que sempre foram a marca da Igreja e dos seus ensinamentos, nomeadamente através do Concílio de Trento, do Papa Pio XII na sua Encíclica Mediator Dei, do Concílio Vaticano II na sua constituição Sacrosanctum Concilium, e do Papa Bento XVI na sua teologia da liturgia, no seu magistério litúrgico prático e no Motu proprio já citado.

  Ninguém pode evangelizar se antes não tiver adorado, ou até mesmo se não adora permanentemente e não dá a Deus, o Cristo Eucaristia, a verdadeira prioridade no modo de celebrar e em toda a sua vida. Na verdade, para retomar as palavras do Cardeal Joseph Ratzinger: “É na maneira de tratar a liturgia que se decide a sorte da Fé e da Igreja”.


Dom Athanasius Schneider

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