A oração familiar tem as suas características
É uma oração feita em comum, marido e mulher
juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e
exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do
matrimônio. Aos membros da família cristã podem aplicar-se de modo particular
as palavras com que Cristo promete a sua presença: “Digo-vos ainda: se dois de
vós se unirem, na terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que
está nos Céus. Pois onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu
estou no meio deles”(Mt 18,19).
A oração familiar tem como conteúdo original
a própria vida de família, que em todas as suas diversas fases é interpretada
como vocação de Deus e atuada como resposta filial ao Seu apelo: alegrias e
dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos, aniversários de
núpcias dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas importantes e
decisivas, a morte de pessoas queridas, etc., assinalam a intervenção do amor
de Deus, na história da família, assim como devem marcar o momento favorável
para a ação de graças, para a súplica, para o abandono confiante da família ao
Pai comum que está nos céus.
A dignidade e a responsabilidade da família
cristã como Igreja doméstica só podem pois ser vividas com a ajuda incessante
de Deus, que não faltará, se implorada com humildade e confiança na oração.
Educadores de oração
Em virtude da sua dignidade e missão, os pais
cristãos têm o dever específico de educar os filhos para a oração, de os
introduzir na descoberta progressiva do mistério de Deus e no colóquio pessoal
com Ele: “É sobretudo na família cristã, ornada da graça e do dever do
sacramento do matrimônio, que devem ser ensinados os filhos desde os primeiros
anos, segundo a fé recebida no Batismo, a conhecer e a adorar Deus e amar o próximo”(GS 3).
Elemento fundamental e insubstituível da
educação para a oração é o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais: só
rezando em conjunto com os filhos, o pai e a mãe, enquanto cumprem o próprio
sacerdócio real, entram na profundidade do coração dos filhos, deixando marcas
que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer.
Tornemos a escutar o apelo que o Papa Paulo
VI dirigiu aos pais: “Mães, ensinais aos
vossos filhos as orações do cristão? Em consonância com os Sacerdotes,
preparais os vossos filhos para os sacramentos da primeira idade: confissão,
comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos, a pensar em Cristo que sofre?
A invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos Santos? Rezais o terço em família? E
vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a comunidade doméstica,
pelo menos algumas vezes? O vosso exemplo, na retidão do pensamento e da ação,
sufragada com alguma oração comum, tem o valor de uma lição de vida, tem o
valor de um ato de culto de mérito particular; levais assim a paz às paredes
domésticas: "Pax huic domui!" (Paz a esta Casa!). Recordai: deste modo construís a Igreja!” (Paulo VI, Audiência Geral,
11-08.1976).
Oração litúrgica e privada
Entre a oração da Igreja e a de cada um dos fiéis
há uma profunda e vital relação, como reafirmou claramente o Concílio Vaticano
II (SC 12). Ora uma finalidade importante da oração da
Igreja doméstica é a de constituir, para os filhos, a introdução natural à
oração litúrgica própria da Igreja inteira, no sentido quer de uma preparação
para ela, quer de a alargar ao âmbito da vida pessoal, familiar e social. Daqui
a necessidade de uma participação progressiva de todos os membros da família
cristã na Eucaristia, sobretudo na dominical e festiva, e nos outros
sacramentos, em particular nos da iniciação cristã dos filhos. Assim também
está ao cuidado da família cristã celebrar, mesmo em casa e de forma adaptada
aos seus membros, os tempos e as festividades do ano litúrgico.
Para preparar e prolongar em casa o culto
celebrado na Igreja, a família cristã recorre à oração privada, que se
apresenta sob uma grande variedade de formas: esta variedade, enquanto
testemunho da riqueza extraordinária com a qual o Espírito anima a oração
cristã, responde às diversas exigências e situações da vida de quem se volta
para o Senhor. Além das orações da manhã e da tarde são de aconselhar
expressamente - seguindo também indicações dos Padres Sinodais - a leitura e a
meditação da Palavra de Deus, a preparação para a recepção dos sacramentos, a
devoção e consagração ao Coração de Jesus, as várias formas de culto à
Santíssima Virgem, a bênção da mesa, as práticas de piedade popular.
Bento XVI sobre o essencial da santidade
“Essencial é nunca
deixar passar um domingo sem um encontro com o Cristo Ressuscitado na
Eucaristia; isto não é mais um peso, mas é luz para toda a semana. Essencial é
nunca começar nem terminar um dia sem, pelo menos, um breve contato com Deus. Essencial,
no caminho da nossa vida, é seguir as “indicações da estrada” que Deus nos
comunicou, nos Dez Mandamentos, que não são mais do que a concretização do
amor, nas suas diversas formas. Parece-me
que esta é a verdadeira simplicidade e a grandeza da vida de santidade”
(Audiência, 13.04.2011).
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