A
decisão do Papa Francisco de reduzir os três títulos eclesiásticos honoríficos
do “monsenhorato” a apenas um e só a padres de 65 anos de idade ou mais,
coloca-se na mesma linha de ulterior simplificação iniciada por Paulo VI. Em
Paulo VI, a motivação era reduzir os “tipos” de monsenhor para não causar
inconvenientes ou díspares interpretações; em momento algum houve a intenção de
abolir o título de monsenhor ou de tolher as autoridades episcopais na escolha
deste ou daquele sacerdote para tal título. Agora parece ser diferente. O Papa
Francisco não apenas abole duas formas de monsenhorato, como também restringe a
sua recepção drasticamente; a extinção dos títulos de Prelado de Honra e Protonotário
Apostólico, restando apenas o de Capelão de Sua Santidade, causou frisson
nos meios eclesiásticos pela provável motivação do Papa Francisco: diz-se que
deseja dar um golpe no chamado “carreirismo” na Igreja.
O problema é que abolir este ou aquele título
não elimina o carreirismo. Este não está no título, mas em honras (sem
merecimentos), posições (sem formações) e cargos (por políticas internas, conchavos
ou amizades). Abolir títulos para quê? Para ensinar o quê? O carreirismo está
nas motivações, não no título. Isso é um absurdo! É pensar de forma linear,
arrastando bons monsenhores para a sombra da “busca de poder e de fama”. E se,
pensando assim, acabarem com os títulos de cardeal, arcebispo, núncio, prelado,
comissário...? A Igreja vai ficar menos bonita, menos organizada, menos
tradicional, menos histórica. Todos esses títulos fazem parte da História da
Igreja e de seu processo de estruturação.
Será que realmente era importante fazer esta
mudança? Quantas mudanças parecem ser mais necessárias à Igreja, principalmente
no que tange ao seu patrimônio de fé, de culto, de valores a serem resgatados,
pois perdem-se pouco a pouco. O que vejo, através da história recente da
Igreja, é uma perda lastimável de seus grandes focos, importantes focos. Tornar
a Igreja rasa, horizontal, não vai fazer tantos cristãos se elevarem a Deus.
Quem tem fé, a manterá por seus valores; quem não a tem, vai apenas aplaudir a
Igreja por parecer cada vez mais com a sociedade civil, mas não entrará para
Igreja.
A
verdade é que com ou sem o título de monsenhor, sempre haverá cardeais, bispos,
padres e seminaristas carreiristas. A transformação deve ser interior; é
preciso de conversão dentro e fora da Igreja. É preciso discernir as intenções
e agradecer os que fazem um bom trabalho por amor ao Reino, dando ou não algum
bônus e é preciso punir os sem caráter, os espertalhões, os que sempre têm
segundas intenções. Sem isso, todas as alterações e supressões formais não
passarão de boas intenções fadadas ao fracasso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.