I. Evangelho
Evangelho é Boa Nova! E a Boa Nova é simplesmente esta:
Jesus está presente, no meio dos homens! Deus eterno está ali, ao vivo, em
pessoa, em carne e osso, no meio do seu Povo! Deixar-se olhar e tocar,
deixar-se seduzir e “apanhar” por Jesus, é o primeiro passo para transformar e
encontrar a vida. Só é preciso aderir, acreditar, para seguir. Jesus não dita
regras, não impõe um código de conduta. Chama simplesmente a segui-lo, a Ele,
não primeiramente a uma ideia, a um programa, a uma doutrina. É Ele o caminho,
a Verdade, a Vida.
Evangelizar devia ser isto. Levar a todos a boa notícia,
de que Jesus está aí, como luz e palavra de sentido, por entre as sombras do
tempo que passa. Jesus passa por aí, discreto, por entre a vida das pessoas, por
cima e por debaixo das telhas, pelas ruas e praças, pese embora a distração e
a diversão, das nossas correrias.
Evangelizar é dizer aos que sofrem, que Jesus está aí, na
sua dor, e no amor com que são tratados. Dizer aos que fazem o bem, que Deus
está aí, escondido por entre os dedos das suas mãos. Boa Nova é isto. Jesus
está presente. No mundo, com o seu desejo de Paz, de fraternidade, de beleza, o
Reino de Deus germina, lenta e discretamente, em sementes de bem, de amor, de beleza
e de verdade.
Evangelizar não significa necessariamente tornar cristãos
todos os homens, nem fazer voltar à Igreja todos os baptizados e,
especialmente, os que a frequentavam e deixaram de fazê-lo. Jesus evangelizou
também em Nazaré ou Corazim ou Betsaida, onde sua palavra "não teve
acolhimento” (cf. Mc. 6,6; Lc. 10,13). Evangelizar significa, antes de mais
nada, promulgar a Boa nova, com factos e palavras. Faz-se esse anúncio, para
dar a possibilidade, a quem tem boa-vontade, de poder acolher a Boa nova e
encontrar a vida plena.
II. Evangelização
Evangeliza-se de muitas maneiras. Podemos destacar as
seguintes formas de evangelizar:
Evangelizar pela proclamação: é a forma expressa no
início do evangelho de hoje: “Jesus dirigiu-se para a Galileia, pregando o
Evangelho de Deus e dizendo: completou-se o tempo e o Reino de Deus está
próximo: convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc.1,14-15). A proclamação,
porém, não está restrita às ocasiões públicas, durante a Missa, ou na
Catequese. Pode ocorrer também no diálogo fraterno, cordial, amigo, como o de
Jesus, com a Samaritana (Jo. 4) ou com os discípulos de Emaús (Lc. 24). Daí a
importância que podem ter as conversas de mesa ou de café, os contactos de rua,
os encontros de amigos, as reuniões de família. Uma só palavra do Evangelho,
pode esclarecer uma situação de dor, iluminar a escuridão do espírito, abrir
caminho para uma solução, corrigir uma atitude, orientar ou consolar o coração.
Também Jesus passava e passeava, e no caminho, chamava as pessoas mais comuns,
a partir dos lugares da sua vida, onde as encontrava.
Evangelizar por convocação: é chamar todos ao banquete,
como fazem os servos da parábola: "Ide às encruzilhadas e convidai para as
bodas todos quantos achardes" (Mt. 22,9). Isto significa ousadia para
convidar outros a vir à nossa Missa, à nossa Festa, a uma qualquer iniciativa
da comunidade. Não raro, a surpresa do nosso convite é o primeiro «empurrão» de
que alguém espera para seguir Jesus!
Evangelizar por atração: assim faz a primeira comunidade
de Jerusalém que, mesmo sem enviar missionários, vê afluir "muita gente
também das cidades vizinhas de Jerusalém" (At. 5,16); Trata-se de
vivermos de tal modo, que os nossos gestos, os acontecimentos da vida
paroquial, se tornem atrativos e significativos no nosso meio ambiente.
Evangelizar por irradiação: como a lâmpada no candelabro
ou a cidade sobre a montanha, "para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt. 5,16), ou como "uma
lâmpada que arde e ilumina", a cuja luz nos alegramos (cf. Jo. 5,35).
Evangeliza-se através de um "comportamento nobre entre os pagãos,
porque... considerando vossas boas obras, chegarão a glorificar a Deus no dia
em que ele os visitar" (I Pd. 2,12);
Evangelizar por contágio (é uma variação do modo
anterior): como uma vela se acende de outra vela, como um sorriso gera outro
sorriso. Pode ser de pessoa a pessoa, de grupo a grupo, de grupo a indivíduos
contagiados pela fé feliz de uma comunidade: "Eu vim lançar fogo à terra"
(Lc. 12,49). "Ainda que alguns não obedeçam à Palavra", podem "mesmo
sem a palavra ser conquistados ao observarem vossa conduta" (I Pd.
3,1-2); bem dizia o Padre António Vieira: uma fé que não se apega, apaga-se! .
Evangelizar por levedura: é uma forma menos aparente,
mais lenta e oculta, como "o fermento que uma mulher toma e mistura em
três medidas de farinha para fermentar toda a massa" (Mt. 13,33). Esta
forma é válida, especialmente, para a "evangelização das culturas".
No segredo, no trabalho humilde, numa Escola, numa instituição, ir mudando
mentalidades, atitudes, através de uma conduta evangélica exemplar.
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