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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Bodas de Linho ou Renda. Há 13 anos, sacerdote para sempre!


  Descobri, há anos atrás, que no casamento, a cada ano se fazem bodas. As primeiras são de papel, depois algodão, trigo e por aí vai. A décima terceira boda é de “linho ou renda”. Com linho e renda foram feitos vestuário ou elementos de decoração para ajudar a enfeitar a grande festa de casamento, mas também me surpreendi ao lembrar que também a alva da ordenação e as alfaias da Missa eram de linho e possuíam algumas rendas! Os dois juntos, linho e renda, parecem que foram feitos mesmo um para o outro. Significam para o casal ou para mim que é tempo de equilíbrio, de estabilidade, de harmonia na vocação.

  Não sendo casado, as bodas se transformam em “jubileu”. É este que fiz no último dia 29 de junho: treze anos de padre. É uma data que me diz muito, e em cada ano me vai dizendo mais. Não penso nos treze anos, penso no último: o que vivi, os amigos que ganhei e os que perdi, as exigências da vida diocesana e da vida pastoral, dimensões da vida de um padre que vão desabrochando, como uma semente que é lançada à terra e tem o seu tempo para germinar e dar fruto. Este ano, sem dúvida, descobri mais um pouco o que significa ser padre (pai), que precisa amar e precisa dar limites aos filhos. O amor é logo compreendido, mas os limites nem sempre...

  O dia da minha ordenação é verdadeiramente de ação de graças. Como estou numa Paróquia dedicada a São Pedro, minha “festa” é trabalhar bastante como padre neste dia. Não há comemorações pessoais; apenas meu coração exulta em Deus e me vejo como São Pedro que quer amar a Deus e apascentar o rebanho em seu nome e que também às vezes vacila na fé e tem de pedir “socorra-me!”. Apesar de pedir sempre esse socorro, o dia 29 de junho é para mim o dia de dizer: "A minha alma está agradecida ao Senhor como o perfume das flores e a pureza das açucenas; ela se eleva ao Deus da minha juventude, que é o meu rochedo e protetor". E é isso mesmo: uma vida perfumada e, tanto quanto possível, pura, ou seja, sem maldade, sem rancores, sem mágoas, apesar de às vezes achar que a cruz sacerdotal pese um tanto para um lado ou para outro.

  O dia 29 foi um dia de várias situações: Ofereci o louvor a Deus logo pela manhã, ofereci o Santo Sacrifício, abençoei, acolhi amigos, renovei meu sacerdócio... Foi um dia em que, mesmo cansado pelas diversas ocupações de Domingo e de um dia de São Pedro, pude experimentar a alegria de ser padre e de estar perseverando em Deus há treze anos. Foi também um dia de reflexão: como estou sendo padre? É isso mesmo que Deus quer? O que preciso modificar? Estou sendo um instrumento dócil a Deus? Tenho conduzido meu rebanho à verdade, à piedade, ao Céu? Deus me quer ainda em São Pedro da Aldeia? Anuncio, sem reservas, o nome de Jesus? Sou um sacerdote mariano? Sou fiel à doutrina? Acolho quem devo acolher e exorto quem deve ser exortado? Quantas coisas vieram e ainda vêm em meu coração...


  O dia 29 de junho foi um dia de agradecimento a Deus e de agradecer a quantos já encheram ou vão enchendo e preenchendo a minha vida. De que me serviria ser padre se não tivesse pessoas a quem servir? O que seria de um pastor se não tivesse rebanho? Ou de um professor se não tivesse alunos? Ou de um agricultor se não tivesse terras para cultivar? A vida de um padre é tudo isto e muito mais, porque um padre não pode viver para si, mas terá sempre de viver para Deus e para os irmãos. Por isso, caro leitor, dê graças a Deus comigo! E reze por mim, nas suas orações, para que a minha vida seja como o perfume das flores e como a pureza das açucenas. E, que em cada dia eu me vá tornando como São Pedro, para poder entrar no Reino dos Céus, com portas abertas, sem mais necessidade de chaves! 

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