“Silêncio,
Estamos Perseguindo!”. O Estado Islâmico declarou guerra aos cristãos de
Mosul. Instados a deixarem o “Califado” ou se sujeitarem ao pagamento de
imposto de “Infiel”, destinados à vingança popular por esse “N” – como em
“Nazareno” – inscrito em suas casas, os discípulos de Jesus Cristo,
transformados em cidadãos de segunda classe, em breve não terão outra escolha a
não ser se “converterem” ou perecerem pela espada…
A intolerância não está mais escondida. Ela é
reivindicada pelo chefe Abu Bakr al-Baghdadi, que se faz chamar de Ibrahim. Uma
ironia sinistra: Ibrahim é o nome árabe de Abraão, o pai dos crentes, que veio
do Iraque, sob cujo nome os muçulmanos e cristãos da região deveriam se reunir
e viver em paz. Os cristãos do Iraque eram 1 milhão antes da intervenção
americana. Atualmente eles não passam de 400.000. A cada onda de humilhações,
violência, perseguições, eles percorrem o caminho do êxodo. Um desses exilados,
Joseph Fadelle, contou, em um livro, “O Preço a Pagar” (Le Prix à payer), a
respeito do destino terrível reservado a seus correligionários por muitos anos.
Com a instalação do “Califado”, a ameaça agora é clara: olhem o inimigo,
cristandade!
Certamente, vozes importantes se elevam em
indignação: há meses o Papa Francisco soou o alarme e assegurou sua compaixão a
seus irmãos. O Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, acaba de
condenar um “crime contra a humanidade.” Agências internacionais estão
preocupadas e elevam o seu tom. E aí? A opinião pública europeia, tão ávida
para mobilizações, petições, manifestações de todo tipo… E neste caso,
nada! Silêncio, estamos perseguindo! Permaneceremos surdos por mais tempo?
Será que terá que acontecer um massacre fora
das férias de verão para nos mexermos? Após o Tour de France? Antes das grandes
multidões de férias? Diante da aterrorizante procissão de horrores, expulsões,
assassinatos em Mosul, exibiremos apenas a nossa indiferença? Cristãos ou não
cristãos, continuaremos surdos por quanto tempo ainda diante dessas terríveis
palavras do Evangelho ressoando em todo mundo: “Se eles permaneceram em
silêncio, as pedras gritarão!“
Fonte:
LE FIGARO – Editorial, por Étienne de Montety. Tradução: Teresa Maria Freixinho
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