A
palavra escapulário vem do latim “scapulae”, que quer dizer “ombros”. No
século VI, com São Bento, o Escapulário era constituído por uma faixa em forma
de cruz posta sobre o peito e costas para auxiliar o ajuste do hábito nos
afazeres. Um século mais tarde, mudou de significado, tornou-se uma espécie de
capuz alongado que protegia a testa e os ombros da chuva, frio e neve. Em 821
essa peça já descia até os joelhos, depois descendo até os pés (1200). A
imposição nas formas de profissão monástica se deu gradualmente sendo hoje
parte integrante de quase todos os hábitos religiosos.
Com o tempo as ordens masculinas foram se
desdobrando e surgindo os ramos femininos (Ordem Segunda) e de leigos (Terceira
ou Oblatos), esses “irmãos” recebiam um hábito mais simples, que usavam
continuamente ou, nos domingos e festas. No início não se encontra menção do
Escapulário no hábito dos Oblatos beneditinos nem é mencionado na regra da
Ordem Terceira de São Francisco 1221, porém com o tempo tornou-se usual portar
sob as vestes, um Escapulário de tamanho considerável, do mesmo tecido que o
das Ordens Primeiras.
Para muitos leigos que por motivos diversos
não poderiam ingressar nas Ordens Terceiras foram fundadas as confrarias, os
confrades participavam dos bens espirituais das Ordens aquém estavam ligados,
mas não tinham votos. A confraria de Nossa Senhora do Carmo é a mais antiga
(1280). Para essas confrarias surgiu então uma miniatura do Escapulário dos
religiosos, seus confrades deveriam portá-lo continuamente. Finalmente várias
Ordens religiosas receberam da Igreja a faculdade de benzer pequenos
Escapulários e impô-los aos fiéis, independente de estarem os fiéis ligados ou
não ligados a confrarias.
Graças dadas por Nossa Senhora a quem traz
devotamente o Escapulário
1-
Grande Promessa; Aquele que morrer piedosamente, não padecerá das penas do
inferno, receberá à hora da morte a graça da perseverança final (estado de
justiça); ou então a graça de conversão e perseverança final.
2-
Privilégio Sabatino; No século XIII Nossa Senhora apareceu ao Papa João XXII,
prometeu especial assistência aos que trouxessem o Escapulário do Carmo,
dizendo que os livrariam do Purgatório no primeiro sábado após a sua morte.
3-
Participação de todas as boas obras que se praticam em toda a Ordem do Carmo; Tudo
o que cai sob o comum denominador de “boas obras” – como virtudes, satisfações,
imolações, frutos das missões, prática dos votos, austeridades da vida do
claustro, forma um acervo comum que se reparte entre todos.
Medalha-Escapulário
Em 1910, São Pio X, concede a permissão de se
usar uma medalha de metal, devendo ter em uma das faces o Sagrado Coração e na
outra a Santíssima Virgem, devem ser levados ao pescoço ou de outra maneira
conveniente, ganhando-se com o seu uso quase todas as indulgências e privilégios
concedidos aos pequenos Escapulários. O Santo Papa o fez para atender aos
apelos de missionários de zonas tórridas, em favor dos nativos, os pedaços de
lã ficavam logo em condições intoleráveis, ás vezes sendo ninho de vermes pelo
calor.
Para se gozar o privilégio da
Medalha-Escapulário do Carmo "é de todo necessário que se receba antes a
bênção e imposição do Escapulário de lã, com a fórmula prescrita e cumprindo
com os demais requisitos. Se antes não se impõe o Escapulário uma vez para toda
a vida, a medalha não serve, mesmo que benta por um sacerdote com faculdade
para tal e com a intenção de que valha como Escapulário" (EE, p.293.)
Embora condescendendo em conceder à medalha
as graças do Escapulário, São Pio X declarou muito explicitamente "seus
veementes desejos de que todos os fiéis continuassem levando o Escapulário da
mesma forma que antes", e que a medalha só fosse usada quando houvesse um inconveniente
real em se levar o Escapulário de lã.
Observações
finais:
-
Para se gozar os privilégios, é necessário ter recebido devidamente o
Escapulário, isto é, imposto por um sacerdote com o poder para tal.
-
Ao contrário do que se dá com o Escapulário de lã, no qual basta só o primeiro
ser bento, cada Medalha-Escapulário que se troca precisa ser benta.
-
Que o Escapulário seja como prescreve a Igreja, isto é, feito de dois pedaços
de lã (e não de outro material), ligado entre si por fios, e da forma
quadrangular ou retangular e nas cores marrom, café ou negro.
-
Que uma de suas partes caia sobre o peito e a outra sobre as costas.
-
Que se observe a castidade segundo o estado.
-
Que se rezem as orações prescritas pelo sacerdote que o impôs, a prática que
geralmente era imposta, era a recitação dos Sete Padre-Nossos, Ave-Marias e
Glória em louvor das Sete Alegrias de Nossa Senhora mais jejuns prescritos.
-
Pode ser imposto mesmo em pecadores moribundos que o aceitem, pois lhe será
penhor de salvação.
-
O Escapulário pode ser imposto mesmo em crianças que não chegaram ao uso da
razão, pois servir-lhes-á de "defesa e salvação nos perigos".
-
Quando ocorre à substituição do Escapulário, o mais correto de eliminar o
antigo é, por respeito, queimá-lo, e nunca jogá-lo ao lixo como traste velho.
-
O Papa Pio XI, por decreto de 8 de maio de 1925, aprovou o que conhecemos por
Escapulário protegido , isto é, os dois pedaços de lã protegidos por plástico
ou material qualquer.
-
Para atender a um apelo do Geral dos Carmelitas Descalços, São Pio X concedeu
aos soldados de todo o mundo a faculdade de impor-se (em tempo de guerra) a si
próprios o Escapulário do Carmo. Para isso é necessário que o soldado tenha um
Escapulário propriamente bento, e que o ponha no pescoço ou, no caso de
impossibilidade, ao menos no ombro, de maneira que uma parte penda no peito e
outra nas costas. E que no momento da imposição ou logo depois, reze algumas
preces à Santíssima Virgem, como a Ave-Maria ou o Lembrai-Vos. Deste modo ele
será membro da Confraria e terá direito a todos os seus privilégios.
Fonte:
Ami du Clergé, na. 30, o.683, in Santiago Costamagna, bispo de Colônia,
"Tesoro Moral Litúrgico" 6, México, Escuela Tipo-Litrografica Salesiana,
1908, 4ª edição, p.287
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